O Brasil vive sem dúvida uma das piores senão a pior crise institucional de todo o período republicano. Esta crise tem inúmeros aspectos: ético, moral, econômico, financeiro, fiscal, institucional e abrange tanto o governo quanto o setor empresarial e a população em geral que sofre com a escalada da violência, com a inflação, com o desemprego, com os serviços públicos sucateados e de baixíssima qualidade, com uma carga tributária que ninguém aguenta mais e com um aumento acelerado do endividamento das pessoas e das famílias e queda do nível de vida da população.
No que tange aos poderes públicos a corrupção é a marca registrada e em todos os poderes este câncer está presente. Temos ou já tivemos diversas autoridades e grandes empresários presos por estarem envolvidos em esquemas de corrupção, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, formação de quadrilhas e outros crimes contra a administração e economia. Entre os presos e ou investigados nos últimos treze anos, era em que o PT está ou esteve no poder, temos ministros, deputados, senadores, prefeitos, vereadores, governadores, secretários, membros do poder judiciário afastados de suas funções ou ao término de seus mandatos ou apeados dos respectivos cargos, presos ou em envolvidos em processos que poderão leva-los/as `a prisão.
No imaginário coletivo, a avaliação que a população faz dos governantes, em todos as dimensões e níveis de poder é extremamente negativa, principalmente a chamada classe política, que em pesquisas de opinião pública sempre é associada ao fisiologismo, a corrupção, a demagogia, a mentira, ao corporativismo e `a incompetência. Existe um grande fosso entre as aspirações e interesses nacionais e as acões dos governantes, tidos como utilizadores das estruturas do poder para benefício e enriquecimento pessoal, familiar ou de grupos particulares.
Estamos em pleno processo de impeachment de uma presidente da República, de processos investigando os presidentes da Câmara Federal, do Senado Federal, um ex presidente sob a mira do Ministério Público Federal e estadual de SP e da Operação Lava Jato, de um senador ,lider do Governo Dilma que foi preso em pleno exercicio do mandato e acabou sendo cassado pelos seus próprios pares, de um presidente da Câmara acusado de corrupção em vários processos e que está por fio para perder seu mandato por decisão do Conselho de ética daquela Casa de Leis.
Temos também mais de 150 parlamentares e outras figuras importantes da política, do meio empresarial e da administração nacional que fazem parte das famosas LISTAS do Janot, da Oebrcht e agora mais vinte cujos nomes, inclusive do Presidente Interino Michel Temer, acusados de receberem propina e outros recursos oriundos da corrupção. A chapa Dilma/Michel Temer também responde a alguns processos em tramitação no TSE que, se e quando forem julgadas podem levar a cassação do registro da referida chapa acusada de ter se utilizado de caixa dois alimentada com dinheiro sujo da corrupção na PETROBRÁS, objeto também das investigações da OPERAÇÃO LAVA JATO.
Temos ainda um ex presidente do senado e da República envolvido nas gravações do ex diretor de uma das subsidiárias da PETROBRAS, declaradamente corrupto e que foi mantido no cargo por longos doze anos com apoio do PMDB e do PT e que agora acaba de fazer delação premiada, incluindo a divulgação de nomes dos integrantes dessas quadrilhas que roubaram a Petrobrás e ja aceitou devolver nada menos do que 90 milhões, com certeza apenas uma parte de tudo que roubou enquanto esteve no cargo a serviço da corrupção e do enriquecimento ilícito.
Temos o caso do vice presidente da Câmara Federal, Deputado Waldir Maranhão que também responde a alguns processos por corrupção e que mesmo tendo subsituido o presidente afastado não consegue dirigir os trabalhos daquela Casa de Leis por faltar-lhe legitimidade perante seus pares.
Mesmo que os processos a cargo do Procurador Geral da República e do STF envolvendo gente importante da República que gozam desta excrecência que é o foro especial ou privilegiado ande a passos de tartaruga, diferente do que ocorre com a outra parte da LAVA JATO que corre sob a batuta da força tarefa em Curitiba e que das mãos do Juiz Sérgio Moro recebe um tratamento digno de combater de fato a corrupcão e colocar na cadeia os corruptos, aos poucos também esses suspeitos de corrupção que estão em posições e cargos importantes mais dia menos dia irão defrontar-se com a Justiça.
Dizem que todas as crises, por piores ou mais profundas que sejam, ao serem superadas acabam fortalecendo as instituições pelo simples fato de desarticularem todos os meandros e braços do crime organizado, da corrupção e também tirarem de circulação criminosos de colarinho branco, principalmente os que por décadas já fizeram da política seus refúgios ou portos seguros.
Para que o Brasil possa retomar as veredas do desenvolvimento, com justiça social, com sustentabilidade e com ética é imperioso que a LAVA JATO e outras operações de combate `a corrupção tanto em Brasília quanto em todos os estados e municípios os corruptos sejam identificados e presos. Só assim vamos poder passar nosso país a limpo. Se os corruptos continuarem atrelados `as instituições e estruturas do poder, dando as cartas como sempre fizeram. o Brasil caminha a passos largos para a situação da Venezuela e outras republiquetas onde o crime organizado se confunde com o poder!
Juacy da Silva – professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de jornais, sites e blogs
[email protected]
www.professorjuacy.blogspot.com Twitte@profjuacy