Mato Grosso tem, talvez por pouco tempo, a chance histórica de começar um novo tempo.
O economista Paulo Rabello de Castro, pau rodado que aportou por aqui com sua família nos idos de 1963 e já logo na chegada na capital do calor comeu cabeça de pacu e apaixonou-se pela terra que o acolhia de braços abertos. Encantado com Mato Grosso e seu potencial, foi em busca do conhecimento que o tornou uma das figuras mais respeitadas em sua área no Brasil. Paulo Rabello assumiu a presidência do BNDES, por escolha pessoal do presidente Michel Temer, substituindo a também economista Maria Silvia, do mais importante banco brasileiro onde dorme, em uma das tantas gavetas da burocracia sem solução, um dos maiores problemas de Mato Grosso: A BR-163!
Promessa de que seria asfaltada desde FHC, a 163 não é apenas um problema de Mato Grosso, mas de todo o Brasil!
Concluída, virará o mapa de Brasil de cabeça para baixo. Além fato altamente relevante de que a 163, implantada a partir da segunda metade da década de 60, não suporta mais a alta trafegabilidade das safras, especialmente de carretas de nove dez eixos, misturada com o tráfego regional, o que lhe dá o apelido de “trem de pneus”. Pra se ter uma idéia, nos últimos três anos, tivemos uma média anual de mais de duzentos e cinquenta acidentes com vítimas fatais, entre a divisa de MS com MT e a divisa de MT com o PA.
A implantação da duplicação da rodovia irá constituir-se em um Vetor de Desenvolvimento, permitindo a instalação, ao longo do eixo e área de influência, de inúmeras empresas ligadas ao agronegócio e tecnologias de ponta gerando agregados econômicos. Municípios como Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop, se souberem catalisar e acolher empreendedores, farão parte de um novo ciclo de negócios, onde o próprio Estado deverá implementar politicas publicas adequadas para tanto!
Além de desafogar o movimento dos portos de Santos e Paranaguá, onde certamente mais de 50% das exportações de Mato Grosso embarcam, a conclusão da 163 permitirá aos portos do Arco Norte uma redução de distância aos portos do sul do Brasil, permitindo um ganho de 3 a 5 dias nas exportações para a Europa, uma redução de R$34,00 por tonelada no custo do frete e uma economia para o país de R$1, 4 bilhão de reais, segundo dados da CNI.
Embora o contrato de concessão esteja em vigência, a concessionária –Rota do Oeste/Odebrecht – não consegue acessar os financiamentos necessários à implantação da obra, inclusive os previstos no próprio edital de licitação. A permanecer essa situação, corremos o risco de ter em nosso Estado mais um elefante branco” e é inadmissível que um eixo estruturante como a 163 seja tratado com tanto descaso.
O DNIT vem cumprindo com dificuldades a sua parte na execução da duplicação de 450 km, diante das limitações orçamentárias. A ex-presidente, Maria Sílvia, fechou as torneiras do Banco para todos os contratos vigentes, daí, mais uma vez, a importância de Paulo Rabello de Castro, que, além de conhecer Mato Grosso, seu potencial, sua importância para o Brasil, conhece a necessidade de encontrar um caminho para a solução dessa obra que é por demais importante também para o Brasil.
Tive oportunidade, na semana passada, de participar de um encontro entre Rabello de Castro e do senador Wellington Fagundes na liderança do Bloco Moderador, no Senado Federal, bloco esse reúne 5 partidos e 9 senadores, cujo líder é o senador mato-grossense. Wellington é também presidente da Frente Parlamentar de logística de Transporte e Armazenagem do Senado. Duas coisas chamaram-me a atenção: primeiro a imediata resposta do presidente do BNDES em atender à solicitação da audiência. Não havia passado quinze dias da sua posse e, diferente de presidentes anteriores, que criavam grandes obstáculos para atender políticos, Rabello fez questão de ir ao Senado atender Wellington Fagundes que foi muito incisivo a respeito da BR-163; a segunda, foi a sua declaração de amor a Mato Groso. Relembrou da amizade com Dante de Oliveira, de quem era um interlocutor frequente, bem como da relação de amizade que mantém até hoje com os principais lideres do Estado, como o governador Pedro Taques, o presidente do TCE, Antonio Joaquim, vários deputados estaduais, além de lideranças empresariais. Enfim, Paulo é um grande conhecedor de Mato Grosso e Mato Grosso deve explorar isso. E muito!
O que ficou claro na audiência foi o compromisso do presidente do BNDES em analisar rapidamente os problemas existentes e buscar soluções imediatas para eliminar os gargalos que estão impedindo a liberação dos recursos contratados. Dinheiro, disse ele, não falta! E se não falta, seria muito importante que governador e bancada federal se engajassem nessa luta. Ao final, Paulo Rabello de Castro, cravou enfaticamente: ”O Brasil deve essa obra para Mato Grosso!!!
A solução não é simples. Além de identificar os problemas, há a necessidade de um entendimento entre os Ministérios dos Transportes, de Indústria e Comercio e Autarquias como a ANTT, DNIT e o próprio BNDES. E aí mora a oportunidade de se ter alguém daqui para chamar esses atores e, juntos, encontrarem a solução definitiva para a implantação da Rodovia.
Não podemos deixar o cavalo passar encilhado. Precisamos prestigiar mais os que nos amam. Não se pode admitir que em um futuro tenhamos que olhar para trás e lembrarmo-nos, de novo, do senador Roberto Campos: um mato-grossense que fez muito pelo Estado e pelo país e não tem sequer um poste com seu nome.
Ricarte de Freitas – advogado e ex-parlamentar