Desde 2008 quando estourou a bolha imobiliária nos EstadosUnidos aliada a crise financeira tanto americana quanto de vários países europeus, com destaque para a Grécia, Itália, Espanha e Portugal, parece que o Brasil continuava sendo um oasis em meio a um grande deserto de problemas econômicos e finananceiros.
O discurso dos governantes de plantão, tendo em vista a realização das eleições municipais de 2008 e as gerais para os parlamentos estaduais, o Congrresso Nacional, Governadores e Presidência da República, até bem recente era de euforia. Parte deste clima de otimismo está diretamente ligado `as ações do governo federal seja no que concerne as políticas fiscal e tributária seja em relação a outras ações como o "monitoramento" das taxas de juros e de câmbio e também `a manipulação das benesses do governo ao reduzir, temporariamente, impostos, taxas e contibuições em determinados setores para estimular oconsumo das famílias e, ao mesmo tempo cacifar seus candidatos.
A taxa básica de juros (selic) é fixada com certa periodicidade pelo COPOM (Conselho de política monetária),com "supervisão" direta do Banco Central e a redução de impostos e outros encargos diretos sobre o sistema produtivo é uma atribuição do Ministério da Fazenda, com a aprovação do Congresso Nacional, em certas situações. Como o Poder Executivo no Brasil tem um caráter imperial, apesar de formalmente sermos uma República e pelo fato do Governo ter uma ampla maioria no Congresso há praticamente duas décadas, quase tudo o o "Senhor" mandar é obedecido.
Todavia, por mais que o clima de euforia ainda esteja presente, parece que depois da bonança começa o periodo das "vacas magras" e este sinal foi dado com os numeros relativos ao fraco crescimento do PIB em 2011,, uma queda brusca (2,7% de crescimeto em 2011, quando comparado com o espetáculo do crescimento do ultimo ano do governo anterior que foi de 7,5%).
Uma visao retrospectiva é importante para podermos refletir sobre a trajetória do crescimento real do PIB brsileiro. Durante o peíodo militar (1964/1984) o índice médio anual de crescimeto do PIB foi de 6,3%; no Governo Sarney (1985/89) de 4,4%; no Collor/itamar de 1,2%, FHC (1995/2002) de 2,3%, no de Lula (2003/2010) de 4,1% e no primeiro ano de Dilma foi a freada, caindo para 2,7% e a previsão para os próximos três anos é algo em torno dos 3% ou no máximo 3,5%,dependendo das conjunturas interna e internacional.
Alguns fatores estão pesando sobre o desempenho da economia brasileiro e na capacidade do Governo executar políticas públicas e investimetos. Vários analistas, entidades do setor empresarial e instituições de pesquisas têm enfatizado os impactos decorrentes da baixa capacidade de poupança interna, baixos investimentos públicos e também privados, presença crescente de capitais especulativos nacional e internacional atraidos por altas taxas de juros reais. Neste particular o Brasil continua entre os cinco países com as maiores taxas de juros (taxa básica) além dos juros extorsivos cobrados das pessoas físicas, de pequenos e médios empresários que necessitam de capital de giro. Essas taxas chegam a mais de 180% ao ano, uma verdadeira agiotagem institucionalizada. O endividamento das famílias passou de 24,8% em 2006, para 34,7% em 2008 e alcançou 41,7 em março de 2011, podendo ultrapassar a 50% no final de 2012. A inadimplência poderá contribuirpara o estouro desta bolha financeira.
O estoque da dívida pública da União (interna e externa) ao final de 2011 era de 2,6 trilhões de reais (64,2% do PIB), recaindo sobre amesma uma taxa media annual de juros de 12,83% e taxa real, descontada a inflação anual, de 7,38%. Só de juros, encargos, amortização e novas captações para "rolar" essa dívida o Governo Federal gastou 322,8 bilhões de reais, ou, 7,96% do PIB, enquanto para a educação os gastos foram de apenas 1,8%; saúde 1,9%, defesa 1,6%, previdência 7,6% e segurança pública 0,5% do PIB.
Resumindo, a carga tributaria tem aumentado muito nos últimos anos e os gastos do governo federal com todos os setores e necessidades da ppulação estão muito aquém do que é preciso de fato. Percebe-se uma enorme distância entre discurso oficial e a realidade brasileira!
Juacy da Silva, professor universitáro,mestre em sociologia, colaborador do Site Só Notícias
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