O governo do Distrito Federal anunciou na última semana que apreendeu 1,7 mil armas em 2012, entre revólveres, pistolas de uso restrito e espingardas, em todas as regiões administrativas. O número é 6,9% superior a igual período do ano passado. Isso representa sete armas apreendidas por dia no Distrito Federal.
O recorde está apenas atrás do número de homicídios. Ao todo são 9,9 mil casos em 2012, entre assassinato, tentativas de homicídio e lesão corporal. No mês de setembro, em uma semana, foram executadas 16 pessoas e 15 sofreram tentativas de homicídio. Entre os dias 27 de agosto e 2 de setembro foram registrados 15 ocorrências e 23 tentativas.
A violência não cai na mesma proporção do número de apreensões de armas. O desequilíbrio dessa balança penaliza a população, que sofre com a insegurança. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, as ações de policiamento ostensivo têm sido responsáveis por uma melhoria nos índices de violência. Contudo, a média de 15 homicídios por semana está entre as maiores do país.
As armas ilegais retiradas das ruas são parte de um sistema criminoso, que se comporta de forma organizada. A reposição de armas e a agilidade pela qual as quadrilhas se organizam superam a morosidade da polícia em resolver inquéritos policiais.
As armas ilegais conseguidas em sua grande maioria por meio do contrabando estão à margem da tecnologia empregada pela indústria de armamentos. As fábricas nacionais não exportam, desde outubro de 1999, armas e munições para o mercado civil do Paraguai, principal fronteira de contrabando. Em outra medida de controle, durante a produção, é possível a instalação de dispositivos eletrônicos “chips”, capazes de monitorar o uso e destino das armas. O rastreamento e armazenagem de dados são decodificados por um software. Essa tecnologia é disponibilizada pela indústria aos órgãos de segurança pública sem que haja obrigação legal para isso e as informações são passadas para a Polícia Federal.
Salesio Nuhs é presidente da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam).
PUBLICIDADE
A balança desigual da violência
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE