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40 anos – 3

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Não dá pra separar o crescimento enorme de Mato Grosso nesses 40 anos sem contar três fatores: 1- o desejo do governo federal de ocupar a Amazônia, a partir de 1973; 2- as migrações intensivas de gente do Sul e do Sudeste para Mato Grosso; 3- a miscigenação racial que ocorreu desde então. Os 598 mil habitantes da região Norte do antigo Mato Grosso saltou para 3.033 mil em 2010. É o resultado nas migrações entre 1970 e 1990. Depois foi o crescimento vegetativo da população marcado pela intensa mistura entre migrantes e mato-grossenses nativos. O que se tem hoje é uma profunda mistura dos DNAs de descendentes de europeus e asiáticos do Sul e do Sudeste, vindo pro Brasil no começo do século passado.

Aqui se fundiram social e geneticamente, produzindo um DNA muito inovador. De certo modo, o extraordinário crescimento econômico e urbano teve a ver com esse novo espírito empreendedor que se formou a partir das miscigenações tanto na capital como no interior. Especialmente nas áreas do agronegócio e da madeira. Pesquisa realizada na gestão do ex- prefeito Wilson Santos, mostrou que os jovens atuais em Cuiabá querem ambiente de negócios e ambiente pra qualidade de vida. Revela a mistura das percepções dos migrantes com a dos habitantes tradicionais.

Um dos fatores do sucesso de Mato Grosso está ligado à capacidade receptiva dos mato-grossenses aos migrantes a partir dos anos 1970. Em 2000, o então governador de Mato Grosso do Sul, que se separou de Mato Grosso em 1979, Zeca do PT, em visita a Cuiabá, disse-me numa conversa durante jantar oferecido pelo governador Dante de Oliveira: "o sucesso de vocês aqui está ligado ao fato de não rejeitarem os migrantes. Lá em nosso estado gaúcho é gaucho e será sempre gaúcho. Sulmato-grossense será sempre sulmato-grossense".

Na minha família a mistura é visível. Meus quatro filhos se casaram com moças cuiabana, goianas e gaúcha. Os filhos são um misto de DNAs apurados na melhor essência, como os de todos os atuais mato-grossenses.

Imagino o futuro dessa gente empreendedora, mas com fortes componentes humanistas. O futuro será construído em cima de percepções muito fortes e promissoras, por gente que incorpora o trabalhar com o viver. Parece até utopia, não é? O assunto encerra amanhã, quando completarei 40 anos morando por essas bandas…

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

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