Zumbi, o último líder do Quilombo dos Palmares. Em consequência de sua morte, 20 de novembro é o Dia da Consciência Negra, uma homenagem a este líder, nossa principal referência em luta e resistência.
Em 2014, nesse período escrevi sobre este tema através do artigo “Jovem Negro Vivo” (http://goo.gl/ngfuSn), uma leitura sobre a necessidade de uma atenção maior sobre o porquê tantos jovens negros têm suas vidas ceifadas no Brasil, além de apontar que estamos em guerra contra um inimigo definido, “as drogas”. Lá eu trazia que de acordo com o mapa da violência a grande maioria dos atingidos são homens, jovens e negros, moradores das periferias. Pois bem, parece um problema de grandes centros, capitais e por ai vai, porém, a realidade está mais perto do que possamos imaginar. Dois jovens, qual tenho a satisfação de gozar da amizade, parceria e respeito, chamados: Gerlan Melo e Leandro Lima, produziram um documentário gravado em Peixoto de Azevedo (minha terra natal), denominado de “Reféns do Calçadão – o dia a dia das drogas”, alertando e provocando a reflexão de ações efetivas de combate a este mal que está cada vez mais próximo.
Maravilhado com a ousadia e competência dos meus amigos, intermediei o pré-lançamento do documentário em Sinop, através da SECITECI – Escola Técnica do Estado em Sinop, dirigida pelo também amigo Dilmair Callegaro, qual estão promovendo uma semana de reflexões e debates sobre o tema. Feita a exibição, fomos ao debate e que debate, o público era misto entre jovens e adultos, homens e mulheres, entre as opiniões foi senso comum de que é preciso se investir mais em “Educação” como forma de formação de caráter e prevenção aos males, em especial as drogas, ofertadas inclusive nas escolas.
Destaco aqui, um posicionamento meu no debate. É preciso compreender que os livros ofertados a nós roubaram o nosso passado, pois da forma que nos é “ensinado”, caberia aceitar que nós negros somos ínfimos e subalternos. Mas não amigos, o negro não veio de um continente desorganizado, sem cultura, sem tradição e sem passado. Essa é visão distorcida da África. A África tinha impérios e reinos, além de diversas confederações tribais e cidades-pousadas com seus ricos mercados no caminho do ouro, das especiarias e do marfim. Seus mercados eram ricos em variedades de coisas. Em toda a África havia povos guerreiros, pescadores, caçadores, pastores, comerciantes e agricultores, ou seja, não era um continente desorganizado.
Temos uma legislação, através da lei 10.639, que traz a obrigatoriedade do tema "História e Cultura Afro-brasileira e Africana", ser incluída no currículo escolar, reconheço que é um grande desafio, em especial no que tange a formação dos professores, porém a lei não conseguiu na grande maioria dos municípios sair teoria e ter efetividade na prática diária. E na boa, é triste saber que tem gente que acha que África é um País.
Este é um alerta aos vários movimentos, que comemoram ainda a criação da lei 10.639, é momento de avançar e exigir condições e efetivação da lei, otimizando a formação dos cidadãos, somando para com a autoestima do negro, somando ainda na criação de oportunidades aos mesmos e contribuindo para com o combate as drogas, auxiliando na diminuição dos números trazidos pelo mapa da violência.
Anderson Maciel Ciriaco, oresidente do TUCANAFRO Mato Grosso.