O primeiro réu a prestar depoimento, hoje, na 1ª fase do júri popular, foi Valdemir Pereira Bueno. Ele é um dos acusados de atear fogo às vítimas. Antes de iniciar o interrogatório, o juiz Tiago Souza Nogueira de Abreu informou a ele sobre o seu direito de permanecer calado. Valdemir decidiu falar. Contou que tinha uma padaria na época dos fatos e que o grupo tinha assaltado seu estabelecimento. Ele foi amarrado com cordas e só foi libertado horas depois, quando um cliente chegou para comprar pão. “Depois disso eu ouvi pelo rádio que três homens tinham sido presos e fui ao local para saber se eram os mesmo que me assaltaram. Achei que estivessem mortos quando cheguei e recebi um galão, que não sei dizer se era álcool ou gasolina, e joguei neles. Não sei quem ‘tacou’ fogo. Estou arrependido do que fiz, não sei explicar o que senti naquela hora”, revelou o acusado. Ele disse também que agiu por impulso, “sem pensar”. A promotora questionou se tinha ele confessou o crime como na oportunidade. Valdemir disse que sim, como ocorreu em todas as fases do processo, informa a assessoria do Tribunal de Justiça.
O acusado Santo Caione disse que ficou sabendo do seqüestro quando estava em casa. “Fiquei sabendo que os assaltantes seriam embarcados em um avião. Quando cheguei ao local, vi que eles já estavam queimando“, sustentou. A promotora Daniele Crema da Rocha. questionou sobre um grito nas gravações: “Quem gritou: É a família Caione dando força?”. A promotora também questionou o fato de testemunhas atribuírem a ele a prática de ter amarrado um cinto em volta da perna de uma das vítimas e arrastado. O acusado disse que foram pessoas que ele deixava de atender em seu mercado. “Tinha um monte de gente que eu não vendia sem dinheiro pra eles. Eles que disseram que eu fiz isso“, disse o acusado.
O réu, de 62 anos, respondeu emocionado quando seu advogado perguntou com relação ao tratamento que teve de um delegado que apurou os fatos à época. “Ele me chamou de gaúcho e eu não sou gaúcho”, disse. O juiz Tiago Souza Nogueira passou neste momento ao período de debates entre a defesa e a acusação. Cada um terá duas horas para suas explanações.
Uma moradora e um jornalista prestaram depoimento durante a manhã. Conforme Só Notícias informou, eles reconheceram suas assinaturas nos documentos apresentados pelo Ministério Público relacionados ao primeiro testemunho coletado pela Justiça do município. Dois médicos legistas também foram ouvidos.
Os réus Alcindo Mayer e Arlindo Capitani não compareceram. Alcindo não apresentou motivo. Já a defesa de Arlindo alegou que o réu não foi intimado pessoalmente e pediu pelo desmembramento do processo.
A primeira fase do júri popular iniciou por volta das 9h e ainda não há previsão para término da sessão. Após 21 anos, o Judiciário julga o caso dos três acusados de assaltos, Osvaldo José Bachmann, os irmãos Arci e Ivanir Garacia dos Santos, que foram torturados e queimados em uma praça. Na ocasião, Osvaldo, Arci e Ivanir Garcia estavam armados e permaneceram por mais de 15 horas no interior de uma residência. onde mantiveram uma família refém. Um oficial da PM e um delegado conduziram as negociações. As pessoas foram liberadas e os três acusados se entregaram.
Após pegarem os assaltantes, os policiais não conseguiram conter a ação da população que atacou o trio com tiros, pauladas, chutes e, posteriormente foi ateado fogo nos três que ” ainda estavam vivas”, informa assessoria. As imagens chegaram a ser registradas por um cinegrafista amador e tiveram grande repercussão.
O júri está sendo presidido pelo juiz Tiago Souza Nogueira. Ainda neste mês, conforme Só Notícias informou, haverá outras três sessões de julgamentos do caso. No dia 10 sentarão no banco dos réus Donizete Bento dos Santos, Gerson Luiz Turcatto, Paulo Cezar Turcatto, Mauro Pereira Bueno e Airton José de Andrade. No dia 17, será a vez e Luiz Alberto Donin, Elo Eidt, Mário Nicolau Schorr, Faustino da Silva Rossi e Elywd Pereira da Silva e, no dia 24, serão julgados José Antônio Correa, Antonio Pereira Sobrinho, Roberto Konrath e Enio Carlos Lacerda.
(Atualizada às 16:42h)