Com aproximadamente 10 mil assinaturas coletadas, a Igreja Católica, entidades e associações buscam ainda mais apio popular até serem realizadas as audiências públicas sobre a instalação da hidrelétrica sinopense, programadas para novembro. O objetivo da campanha, de acordo com o padre Elói Sganzerla, é buscar mais informações sobre as vantagens e os pontos negativos, principalmente de impactos ambientais, e tentar viabilizar alternativas de menor impacto para a instalação. “A igreja sempre pede muita cautela. Principalmente quando atinge questões sociais, humanas, e também ambientais, mas principalmente na questão social porque muitas vezes não olhamos, então, o que estamos fazendo é pedir que se tenha mais esclarecimentos sobre isso o que vai ser construído aqui, que não é uma obra qualquer, pois o impacto vai ser muito grande”, explicou, ao Só Notícias.
Segundo o padre, está sendo apresentado mais benefícios do que prejuízos. “A empresa afirma que vai gerar 3 mil empregos na construção. Quando se houve a nível nacional que a cidade está crescendo, de repente os olhos de muitas regiões se voltam para a cidade. Então, muitas pessoas vem com objetivo de arrumar empregos”, disse. O número de pessoas de fora em busca da oportunidade pode ser o dobro das vagas oferecidas e, de acordo com o padre, não é especificado que as vagas são temporárias e as famílias que se mudam em busca do emprego podem ficar, posteriormente, sem.
Outro ponto destacado pela igreja é o tamanho da barragem. “Não é que queremos que não constrói. Está no projeto 32 metros a barragem de contenção, sendo que, com oito, já gira as duas turbinas modernas, de fabricação alemã, e gera esses 400 mega watts de energia, então não precisa desses 32 metros. O que estamos propondo é que com 10 metros de altitude o estrago seria mínimo e geraria a mesma quantidade de energia”, apontou.
De acordo com o padre, a igreja não é contra a instalação da hidrelétrica, mas sim, a favor de alternativas que causem menos impactos, sejam estudadas e utilizadas, como a captação de energia solar. “Porque o governo não investe ou não incentiva as casas com determinados tamanhos para que tenham essa opção”, questionou. Outro exemplo é a aplicação da captação de energia eólica nas regiões brasileiras que fornecem condições para isto. “Não percebemos no governo essas iniciativas de opções que iriam ajudar a reduzir o consumo de energia e baratear gatos”, acrescentou.
Entre as preocupações também estão questões como perda de terras produtivas, aumento de temperatura em função do gás metano, elevação do lençol freático e possíveis contaminações de águas em poços e destruição total das reservas ambientais. “Depois que está construída não tem mais como voltar atrás. Estamos tentando fazer com que a população veja isto com uma forma crítica também, analise de outro lado”, destacou. “Vamos entregar [as assinaturas] aos órgãos competentes para que percebam que a sociedade de modo geral está se posicionando, quer um estudo melhor, quer mais dados, mais clareza, isso que é importante”, finalizou.
Recentemente, o Ministério Público realizou audiência em Sinop para debater os impactos ambientais que serão causados pela hidrelétrica, tamanho de área alagada e quantas famílias que vivem em fazendas, bem como proprietários, não poderão mais usar suas propriedades.