O fechamento de 3 unidades frigoríficas do Frialto nas regiões Norte e Médio-Norte de Mato Grosso provocou uma desvalorização de até R$ 6 na arroba do boi, segundo levantamento da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat). As plantas fechadas têm capacidade para abater 2,330 mil cabeças por dia e o excesso de oferta após o encerramento das atividades forçaram a queda no valor da arroba de R$ 75 para R$ 69 em uma semana.
Os números, porém, são contestados pelo presidente do Sindicato dos Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo), Luiz Antônio Freitas, que afirma que a queda foi de no máximo R$ 3. Ele afirma que o gado está sendo comercializado a R$ 70, R$ 72 e que o pagamento de R$ 75 por arroba se dava apenas nas unidades do Frialto, o que ele avalia como uma irresponsabilidade. "Estavam praticando um preço além do que era possível e isso ocasionou e a atual situação, comprometendo todo o setor".
O pecuarista da região Norte no Estado, Fernando Porcel, se opõe ao presidente do Sindifrigo, dizendo que a desvalorização de R$ 3 é uma média estadual, mas que na região Norte e Médio-Norte o gado foi comercializado esta semana por até R$ 68. O produtor também argumenta que se o Frialto pagava R$ 75 era por questões de mercado. "Não se trata de irresponsabilidade, mas de contingência de mercado e porque eles precisavam captar gado", explica Porcel ao justificar o preço na região.
O superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, recomenda cautela aos produtores daquela localidade. "Não é era de desespero e não se pode negociar a qualquer preço. Segurar um pouco a comercialização fará com que os preços retornem a patamares anteriores" Neste ponto Fernando Porcel também concorda. Para ele, esta desvalorização é passageira e os preços serão retomados em breve. "O produtor estava com o gado no pátio para o abate e teve a produção devolvida. É claro que ele acaba se submetendo a baixos preços para não precisar retornar à fazenda, mas logo a produção se ajusta e os preços voltam".
O fechamento do Frialto no início desta semana compromete um rebanho de aproximadamente 6 milhões de cabeças, cerca de 22% do plantel bovino estadual. O grupo Frialto entrou com pedido de recuperação judicial na Comarca de Sinop na segunda-feira (24), quando as 6 unidades da empresa paralisaram as atividades nas 5 unidades federativas em que atuam: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Goiás e São Paulo. Segundo Luciano Vacari, a empresa está agilizando a formulação de um plano de recuperação para apresentar o mais rápido possível aos credores. "Percebe-se que não há a intenção de dar golpes em ninguém."