Quatorze médicos que atendem no setor de urgência-emergência no Pronto Atendimento protocolaram, hoje à tarde, no Ministério Público Estadual e Federal, um manifesto onde apontam a "situação caótica" que se encontra o PA, "caracterizada por um aumento da demanda de pacientes sem a devida adequação estrutural e, encontramos um reduzido número de médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem". Só Notícias teve acesso a cópia do manifesto apontando que "há falta de equipamentos e medicações básicas para o atendimento inicial no setor de emergência, além da sobrecarga de leitos com a instalação de macas indiscriminadamente pelos corredores do serviço. Tais problemas fazem com que o atendimento fique comprometido. Há uma sobrecarga de atendimento realizada pelos profissionais (aproximadamente 500 pacientes/dia), culminando numa superlotação de pacientes, de sexos diferentes e das mais variadas patologias, que se entremeiam em quartos e corredores do Pronto Atendimento, permanecendo "internados", por tempo indeterminado, num serviço que, teoricamente, seria apenas de emergência, se caracterizando em um verdadeiro descaso com saúde do sinopense, que paga seus impostos e tem o direito de um atendimento, no mínimo, digno".
No manifesto, os médicos expõem ainda que chegaram ao limite. "Por mais que nos esforcemos para reverter estes problemas, pacientes morrem semanalmente por falta de suporte básico de atendimento". Os profissionais fizeram duras críticas ao prefeito Juarez Costa. "Nós, profissionais de saúde, estamos indignados com a situação atual. Não concordamos com esta forma de governar, pois não há o empenho esperado pelo poder público, o qual valoriza muito mais as questões de urbanização da cidade (por exemplo), deixando a saúde em último plano".
Os médicos apontaram ainda para os promotores que houve muitas reuniões entre eles, direção administrativa, secretaria de Saúde e prefeito. "Os problemas foram expostos e possíveis soluções foram dadas. No entanto, nada foi feito. Pelo contrário. Cada vez mais a situação se agrava. Até hoje, desde a posse do novo prefeito, o Pronto Atendimento Municipal não possui diretores técnico ( indicado pela secretaria) e clínico (eleito pelo corpo clínico). Isso se deve, em parte, ao receio que o profissional tem de assumir tamanha responsabilidade, sem respaldo da prefeitura e total omissão da Secretaria de Saúde".
O manifesto dos médicos do PA conclui dizendo que "este documento tem a finalidade de mostrar nossa indignação perante a situação do Pronto Atendimento. Não podemos mais permanecer omissos e aceitarmos as condições de trabalho que a prefeitura de Sinop nos disponibiliza. Sabemos de nossos deveres como profissionais da saúde, mas temos o direito de exigir o mínimo de condições para exercermos um trabalho digno e de respeito não só para nós, médicos, mas principalmente para a população que mais sofre com todo este descaso".