O presidente da República em exercício, Michel Temer (PMDB) admitiu, no início da noite, em reunião com a bancada federal de Mato Grosso, conversar o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, e o advogado Geral da União, Luiz Inácio Adams, sobre os incidentes com a Força Nacional de Segurança ocorridos, ontem, na reserva Marãiwatsédé – Siuá Missu, na região Nordeste, onde estão sendo retiradas pessoas que estão ocupando, há vários anos, terreas indígenas.
O senador Cidinho Santos (PR) apresentou a Temer imagens do confronto entre não índios, Força Nacional e polícias Federal e Rodoviária. Desde ontem, primeiro dia da desobstrução impetrada pela Justiça Federal, moradores da região reagem à ação de retirada. “Os produtores rurais que moram na região reafirmam que só saem de lá mortos. Muitos não têm para onde ir e o Governo Federal não apresentou até o momento nenhuma alternativa de moradia para essas famílias”, explicou o senador.
Temer garantiu que vai falar também com a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que deve receber uma comissão de parlamentares na próxima quinta-feira (13) para também discutir o assunto debatido hoje com os senadores Jaime Campos, Pedro Taques, os deputados Nilson Leitão, Julio Campos, Carlos Bezerra, Eliene Lima e Valtenir Pereira,
A suspensão da retirada das famílias que estão na área indígena não foi autorizada por Temer, como pretendiam os senadores e deputados federais mato-grossenses. A Força Nacional de Segurança continua na região cumprindo a ordem da justiça federal. Seriam cerca de 900 “fazendas” na reserva onde estão famílias que devem ser despejadas.
O clima na região é tenso desde ontem quando policiais tentaram fazer a primeira retirada de pessoas em uma “fazenda” e um grupo tentou impedir. Foram disparados tiros de borracha e bombas de gás lacrimogênio. Cerca de 10 ficaram levemente feridos. A assessoria da Funai (Fundação Nacional Índio) informou que as equipes encontraram na ” Fazenda Jordão, de cerca de 4,8 mil hectares, poucas cabeças de gado e estruturas como curral e galpão. O fazendeiro, que reside em São Paulo, tem até dez dias para desmontar todas as construções e retirar o gado restante. Na outra fazenda, Córrego da Cabaça, havia três casas, duas das quais já estavam desocupadas. Na casa restante, a família se preparava para deixar o local, no momento em que o oficial de justiça chegou”.
Hoje foram notificadas pessoas que estão em 4 “fazendas” próximas ao Posto da Mata, que têm 24 horas para retirarem maquinários, móveis, roupas e demais pertences do local. Não houve conflitos com as famílias que estavam nestas localidades.
Cerca de um terço dos 165 mil hectares “pertenceria” a 23 grandes produtores. Levantamento aponta que 7,5 mil pessoas estaraim na terra dos índios.
Como protesto ao despejo, 5 trechos das BRs-158 e 242 estão com bloqueios, alguns em Vila Rica, Porto Alegre do Norte e Água Boa. Nas proximidades do Posto da Mata, os manifestantes (pessoas que resistem a saída da área indígena) decidiram retirar as barreiras e permitir passagem de carretas e caminhões porque o clima estava ficando tenso com alguns caminhoneiros que estavam parados desde domingo e não podiam seguir viagem.
(Atualizada às 22:08h)