O ex-presidente do DNIT, Luiz Antônio Pagot, concedeu uma entrevista para a revista ÉPOCA, desta semana, acusado Carlinhos Cachoeira de tramar para derrubá-lo da presidência do Departamento Nacional de Infraestrutura, ano passado. É a primeira vez que Pagot se posiciona apontando culpados por sua saída do governo Dilma. Ele ocupava o principal cargo destinado para Mato Grosso no governo federal.
A ÉPOCA cita que Pagot declarou que não sabia da manobra de Cachoeira e do diretor da empreiteira DELTA Cláudio Abreu para derrubá-lo do governo. Em gravação da Polícia Federal eles arquitetaram uma maneira de afastar Luiz Antônio Pagot do cargo de diretor-geral do Departamento. No dia 10 de maio de 2011, segundo gravações da PF, Cachoeira disse a Abreu que “plantou” as informações contra Pagot na imprensa. “Enfiei tudo no r… do Pagot”, diz Cachoeira.
Pagot disse em entrevista exclusiva para a revista que foi “surpreendido por ter sido afastado através de uma negociata de uma empreiteira com um contraventor. “Isso serviu para que fosse ditado meu afastamento. É um verdadeiro descalabro”.
Leia trechos da reportagem da ÉPOCA: “Mas qual seria o interesse da empresa e de Cachoeira em prejudicar Pagot, se em sua gestão a Delta apresentara crescimento espetacular nos negócios com o Dnit? Ele afirma ter criado problemas para a Delta. Segundo Pagot, quatro episódios criaram animosidade entre ele e a empreiteira:
• A Delta subcontratou uma empresa para obras de recuperação de um trecho de 18 quilômetros da BR-116, em Fortaleza, Ceará, sem consentimento do Dnit. O Departamento abriu processo administrativo contra a Delta.
• Pagot diz que, em uma obra na BR-163, em Serra de São Vicente, em Mato Grosso, a espessura do concreto da rodovia, feita pela Delta, era menor que a prevista no contrato, fato que poderia provocar um desgaste precoce. A Delta teve de repavimentar a estrada.
• Segundo Pagot, a Delta não justificou os atrasos no início das obras do Trecho Manilha-Santa Guilhermina da BR-101, no Rio de Janeiro. “A Delta estava esperando terminar uma obra em outro lugar para iniciar esse trecho”, diz Pagot. “Mas essa história não é bem assim. A Delta conhecia as exigências do edital. Tinha de estar preparada para começar as obras. Não admiti tantas postergações.” Segundo o Dnit, a Delta espera liberações do Ministério de Minas e Energia e do Ministério do Meio Ambiente para iniciar as obras.
• A Delta estava entre as insatisfeitas com o resultado da licitação de obras de duplicação da BR-060, em Goiás. Segundo Pagot, as empreiteiras esperavam que os contratos fossem de R$ 1,6 bilhão, mas saíram por R$ 1,2 bilhão. Isso frustrou as expectativas de faturamento, inclusive da Delta. A Delta lidera um consórcio que venceu um dos lotes da licitação.
De acordo com Pagot, diretores da empresa ficaram contrariados com a postura do Dnit e fizeram pressão contra a diretoria do órgão. “Recebi visitas do presidente do Conselho de Administração, Fernando Cavendish, do diretor da empresa para a Região Centro-Oeste, Cláudio Abreu, e do diretor da empresa para a Região Norte, Aluízio de Souza”, diz Pagot. “Escutei todas as reivindicações e agi como sempre fiz: pedi que formalizassem essas reivindicações. Fazia isso com todo mundo que ia lá.”
Pagot ataca Wellington Fagundes
Ainda na entrevista para ÉPOCA, Luiz Pagot revelou que o deputado mato-grossense Welington Fagundes, presidente do PR em Mato Grosso, foi pressioná-lo em favor da empreiteira DELTA. Segundo Pagot, ele queria que o Dnit fosse menos exigente com a Delta no episódio do asfalto da BR-163. Após o fechamento da edição desta semana de ÉPOCA,
Outro lado
Fagundes procurou a revista e disse não ter feito lobby pela Delta. “Fiz pressão pela celeridade da obra. Fiz pressão pela população de Mato Grosso.”
A Delta, em nota da assessoria de imprensa da empreiteira, expôs que “um inquérito do Ministério Público Federal averiguará todas essas questões derivadas da chamada Operação Monte Carlo. O Congresso Nacional deliberou nessa última semana pela instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para também investigar temas correlatos a essas perguntas de ÉPOCA”, afirma a empresa. “A Delta Construções falará sobre todos os assuntos nos foros judicial e parlamentar. A empresa repudia, desde já, conclusões parciais e precipitadas oriundas de análises superficiais de informações coletadas.” De acordo com a Delta, “jamais o ex-diretor da Delta Construções Cláudio Abreu falava ou agia em nome da empresa, quando, supostamente, teria dado curso a fofocas que se levantavam em relação ao Dnit ou a qualquer de seus diretores. Caso se revelem verdadeiras as suspeitas em relação à ação de Cláudio Abreu nesse sentido, ele agiu por motivação própria e desconhecida pela empresa à qual devia lealdade”.