A transparência na execução das obras da Copa do Mundo de 2014 foi o assunto do discurso proferido pelo senador Pedro Taques (PDT), esta tarde, no Senado. Após requerer informações ao Governo de Mato Grosso e ao Ministério das Cidades sobre a execução das obras do Veículo Leve sobre Trilho (VLT) em Cuiabá e Várzea Grande e não obter resposta, o parlamentar fez um apelo ao Congresso. “Ninguém, em sã consciência, se posicionará contrariamente à modernização dos serviços públicos, mas estes devem obedecer também aos ditames da racionalidade e da economia, para que os recursos arrecadados da população não sejam desperdiçados em obras que não justificam seu preço”, afirmou.
Conforme relatou Pedro Taques, nesta semana, o Governo de Mato Grosso publicou em Diário Oficial o edital para contratação da empresa que irá elaborar o projeto básico do VLT e implantar o novo modelo de transporte coletivo na região metropolitana. A publicação, segundo ele, ocorre quase três anos após o Estado confirmar participação na Copa do Mundo. Ele sustenta que, além de atrasadas, as obras ainda despertam incertezas na população.
“Muitos estão temerosos em relação às desapropriações, interdições, indenizações; enfim, não sabemos quase nada a respeito de uma obra que se mostra grandiosa para a dimensão da capital de Mato Grosso e suas adjacências”, sustentou.
Em seu discurso, Taques reforçou as indagações encaminhadas ao Governo em agosto do ano passado. “Qual será exatamente o montante dos investimentos por quilômetro implantado? Qual será o tempo utilizado para a implantação do VLT? Qual o cronograma até a entrega das obras? A obra será concluída? A tempo da Copa das Confederações? Ou somente para a Copa de 2014? Qual é o custo operacional por passageiro transportado, estimado em reais? De que forma se dará o subsídio do Governo do Estado de Mato Grosso para a implantação do VLT?”, questionou.
Pedro Taques contestou ainda os prazos anunciados pelo Governo. Segundo ele, “será difícil iniciar as obras ainda neste semestre”. Ele ressaltou que tal posicionamento vem sendo adotado para preservar a lisura e a transparência, “indispensáveis à gestão da coisa pública”.
“Se não cobrarmos, passamos por ser coniventes com eventuais e prováveis novos casos de corrupção – aquela que ‘abocanha” anualmente cerca de 80 bilhões de reais dos cofres públicos”, completou.
TRAMITAÇÃO – Além de cobrar transparência na implantação do VLT em Mato Grosso, o senador Pedro Taques fez um pequeno resumo dos trâmites que levaram à escolha do modal de transporte. Para tanto, citou que, desde maio de 2009, o Estado recebeu a confirmação de que será sede da Copa e, no entanto, por conta de disputas políticas, as obras sequer começaram.
O senador mato-grossense citou ainda reportagens como a do site o UOL Notícias que revelou que “Políticos ignoram técnicos e manobram para emplacar trem bilionário em Cuiabá”. Outra reportagem, conforme relatou, informa que uma suposta fraude no Ministério das Cidades respaldou tecnicamente um acordo político que mudou o projeto de infraestrutura de Cuiabá para a Copa do Mundo de 2014.
“Espero que as respostas possam ser suficientes para afastar qualquer dúvida que ainda atormente a população mato-grossense. Utilizando uma expressão do meio esportivo, estamos “torcendo” muito para as obras previstas saiam do papel.”, finalizou Pedro Taques.