Após mais de quatro horas de depoimento, o diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antônio Pagot, fez os esclarecimentos que precisava aos senadores. Houve alguns momentos de pressão, principalmente, por parte do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) que queria ver o diretor apontando os erros no órgão e os possíveis culpados por estes. Mas, Pagot frustrou os planos do senador ao negar todo e qualquer tipo de denúncia de corrupção no órgão. Ele também explicou os motivos de alguns sobrepreços apontados em algumas obras, mas ressaltou que todos os trabalhos do Dnit passam por fiscalização rígida do TCU e CGU.
Pagot finalizou o depoimento dizendo que está tranquilo sobre as denúncias e disse que seu patrimônio está à disposição para análise. Ele ressaltou que caso não permaneça a frente do órgão, voltará a iniciativa privada. “Estou doido para voltar para a iniciativa privada. Se vou continuar [a frente do Dnit] só depende da presidente Dilma Rousseff”, ressaltou.
A seguir leia os principais pontos da audiência de Pagot no senado.
Há instantes, ele respondeu pergunta do senador Agripino Maia (DEM-RN), um dos líderes da oposição, sobre o superintendente do Departamento Nacional de Infra-estrutura em Mato Grosso, Nilton de Brito. O senador citou que Brito seria dono de “95% de uma empreiteira que teria feito obras de R$ 20 milhões, em 2009/2010/11 em Mato Grosso” pagas pelo próprio DNIT-governo federal. Pagot negou irregularidades e defendeu Brito. “A empresa não é dele. A família dele tem uma empresa de consrução civil e de pontes. Quem manda na empresa é o irmão dele”, esclareceu. Pagot disse ainda que o superintendente em Mato Grosso “é pessoa de minha confiança e que as obras feitas em Mato Grosso são as mais competitivas”, disse, referindo-se a obras semelhantes em outros Estados. Pagot disse ainda que Nilton de Brito é servidor de carreira do governo estadual e foi cedido para o DNIT.
Neste momento, faz perguntas o senador mato-grossense Pedro Taques (PDT). Ele reconheceu que Pagot “é competente e conhece a área como poucos no Brasil. A primeira foi sobre a situação jurídica dele no órgão. Luiz Pagot respondeu que havia pedido férias com antecedência. “Se serei exonerado ao completar período de férias até dia 21, é questão que depende da presidente Dilma. Tenho consicência das minhas virtudes tanto das minhas falhas, da quantidade horas que trabalho em busca de obras de qualidade com preços competitivos”, expôs.
Taques questionou ainda: “como chegamos a um sobrepreço de R$ 95 milhões em uma obra na rodovia BR-060. o DNIT não viu isto antes do Tribunal de Contas”? Pagot respondeu que são feitos relatórios locais e o departamento tem 5 dias para se defender. Na maioria dos casos, as justificações e explicações são aceitas, disse.
Ele também respondeu pergunta de Taques que citou relatório de fiscalização sobre obstrução dos trabalhos de inspeção no DNIT. “Nego veementemente obstrução de fiscalização a integrantes do Tribunal de Contas da União, conforme consta em relatório. Não posso admitir isso…estendemos tapete vermelho para TCU e CGU. Os gestores respondem com seu patrimônio. Nós respondemos com nosso patrimônio, senador Pedro Taques, e não podemos correr o risco de perder o pequeno patrimônio nosso e da família. Quem quer ser apenado com uma observação como essa que eu até fico revoltado”, afirmou Pagot.
Conforme Só Notícias informou, no início da audiência, o diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot (PR), ora foi questionado pelos senadores da base oposicionista, ora foi incitado a responder perguntas, por parte da base aliada, que apenas ressaltavam os problemas enfrentados no órgão e suas atitudes para superá-las. Os principais pontos do depoimento de Pagot foi o fato de que ele refutou todas as acusações de corrupção apontadas na revista Veja e declarou que o seu partido, o PR, nunca utilizou o Dnit para buscar qualquer tipo de recurso financeiro para seus cofres.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) foi o principal questionador. Ele chegou a afirmar que tinha 54 perguntas para fazer a Pagot, mas que por falta de tempo não poderiam ser realizadas. Foi dele a pergunta mais contundente, sobre a possível ligação entre os aumentos dos aditivos para as empresas que foram as principais doadoras de campanha da presidente Dilma Rousseff.
Pagot disse desconhecer a ligação sobre doadores de campanha com aumento de aditivos das obras. Ele ressaltou que no Dnit isso não ocorre. “No Dnit não tem ligação entre empresas doadoras com aumento de aditivos”, apontou. Em um pequeno embate, o senador tucano chegou a declarar que Pagot insultava a inteligência das pessoas ao afirmar que tudo se fez corretamente no Ministério dos Transportes estava correto e dentro da lei. “Os preços estão inflados demais. Há superfaturamento em obras do Dnit”, ressaltou. Pagot discordou das palavras do parlamentar.
Ao responder ao questionamento do senador Ciro Miranda (PSDB-GO), Pagot disse que continua a frente do Dnit e que apenas está gozando de férias. Para seu lugar, está um substituto de sua confiança.
(Atualizada às 13h58)
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