O vereador Fernando Assunção (PSDB) disse, nesta terça-feira, pedirá reunião com promotores estaduais e saber quais são as providências possíveis por parte do órgão em relação às acusações feitas pelo ex-secretário estadual de Fazenda e ex-secretário da Casa Civil e da Copa, Eder Moraes, contra o prefeito Juarez Costa (PMDB), que teria recebido R$ 700 mil de empréstimos feitos em factoring e 'bancados pelo governo". O parlamentar oposicionista disse ao Só Notícias que pretende "verificar os novos procedimentos sobre estes graves fatos”.
O vereador Wollgran Araujo (DEM) defendeu que a câmara crie uma CPI para investigar Juarez porque as acusações de "Eder são gravíssimas e tem que ser apuradas com profundidade". "Ele disse claramente que foram emprestados R$ 700 mil e enviados para o prefeito e pagos pelo governo estadual", expôs Wollgran. "A câmara tem que se posicionar e investigar essa acusação que foi feita por um ex-secretário estadual", emendou. Ele disse ainda, ao Só Notícias, que vai se reunir com alguns vereadores, nos próximos dias, para articular a criação de comissão parlamentar de inquérito. "A investigação dessa denúncia não é só obrigação da oposição, mas de todos os vereadores", cobrou.
Fernando Assunção reforçou a cobrança, repetida várias vezes, no ano passado, para que o prefeito de Sinop compareça à câmara para aplicar as acusações. Anteriormente, foi o empresário Junior Mendoneça, que operava os empréstimos fraudulentos juntamente com Eder Moraes, quem acusou Juarez de receber "R$ 500 mil para comprar sentença" e não ser mantida a cassação de seu diploma eleitoral, após a eleição do primeiro mandato, onde foi acusado de usar vales combustívels da Assembleia em sua campanha. Assunção lembrou que aliados de Juarez na câmara prometeram que ele iria prestar esclarecimentos mas não foi. A Polícia Federal defendeu o indiciamento do prefeito por corrupção, mas como processo tramita em segredo na justiça federal ainda não foi confirmado se ele foi indiciado.
“O prefeito Juarez nunca explicou suas relações neste assunto e agora cada vez mais, seu nome e o nome de Sinop, são apontados neste inquérito. Temos o direito de saber e o prefeito a obrigação de falar. Aliás, na época, o prefeito debochou do assunto", acrescentou Assunção. Ele pretende ir a Cuiabá nos próximos dias, no intuito de buscar mais detalhes do caso. Em 2014, os vereadores de oposição (além de Assunção, os democratas Wollgran Araújo e Claudio Santos) ingressaram com uma denúncia no MPE e encaminharam várias informações sobre o assunto veiculadas na imprensa estadual.
Conforme Só Notícias já informou, Eder Moraes afirmou, em depoimento no Ministério Público Estadual, em Cuiabá, que assinou nota promissória de "R$ 700 mil" em uma factoring e o dinheiro foi enviado ao prefeito Juarez Costa (PMDB) "na campanha" (quando concorreu ao primeiro mandato) e que o empréstimo foi pago com recursos do governo do Estado. Ao explicar como foram feitas as operações financeiras que o MP apura, Eder disse que foram dezenas de empréstimos e os valores variavam (podendo passar de R$ 50 milhões). Ele também declarou que a ordem que recebeu para fazer o empréstimo e supostamente enviar ao prefeito sinopense foi feito às pressas. "Em muito momentos se falava assim: tem que arrumar R$ 500 mil… R$ 700 mil pra mandar pro Juarez lá em Sinop que ele tá f….. na eleição dele e estão cassando ele. Me parece que tem uma história dessa… Tem que se arrumar urgentemente. O Junior (Mendonça, empresário dono da factoring que concedia os empréstimos e cobrava juros) saiu desesperado e arrumou. Nessa promissória, o Eder assinou lá, até vim depois uma do governo. Então, tem muitas situações dessas", afirmou o ex-secretário. No depoimento, Eder declara que os pagamentos de muitos empréstimos eram bancados com recursos do governo estadual.
Outro lado
Só Notícias tentou contato com o prefeito Juarez Costa mas ele está viajando – entrou em licença desde a semana passada. O advogado Alexandre Pereira disse, ao Só Notícias, nesta segunda-feira à noite, que não tem conhecimento da acusação de Eder Moraes. "Desconheço qualquer atuação do governador no processo judicial (onde o prefeito obteve diploma para assumir o primeiro mandato). "O que o prefeito tem dito é que nunca conversou com Junior Mendonça e desconhece qualquer empréstimo", afirmou.
(Atualizada às 19:37hs)