O desembargador Evandro Stábile investigado na Operação Ararath, afirmou que a acusação que teria vendido sentença por R$ 500 mil para não cassar o prefeito de Sinop, Juarez Costa, em 2009. “Tudo é uma grande bobagem. Fiquei sabendo que meu nome havia sido citado e até li um documento sobre. Mas não tenho muito conhecimento de toda a investigação [Ararath]. E isso não existe e nunca recebi nada para conceder decisão nenhuma”.
O desembargador foi afastado da presidência do TRE como também do pleno do Tribunal de Justiça do Estado, em 2010, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), após a Operação Asafe, que investigava a prática de exploração de prestígio, corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha para compra e venda de sentenças. Stábile é investigado no inquérito judicial aberto pela ministra Nancy Andrighi, do STJ, e que até então não foi concluído. “Isso tudo que ocorreu [Asafe] foi um grande erro, uma bobagem. Até hoje, quatro anos depois, não encontraram nenhuma decisão, liminar, sentença, que comprove essa denúncia. Não acharam nada até agora”, ressaltou Stábile, ao G1.
Conforme Só Notícias já informou, um depoimento foi prestado, em 25 de fevereiro passado, pelo principal operador dos empréstimos ilegais descobertos na operação Ararath, Júnior Mendonça, que afirmou ter emprestado R$ 500 mil para o prefeito de Sinop, Juarez Costa, comprar uma sentença no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e não ser cassado por corrupção eleitoral, no primeiro mandato (2009).
O dinheiro teria sido entregue ao então presidente, desembargador Evandro Stábile. Segundo o empresário Junior Mendonça, a decisão de pagar para que Juarez permanecesse no cargo partiu do próprio governador Silval Barbosa (PMDB), que é principal aliado na região Norte. No depoimento, Mendonça diz que, em 2009, foi procurado pelo ex-membro do pleno do TRE, Eduardo Jacob (já falecido) "a mando" do governador Silval Barbosa e "levantar a quantia emprestada de R$ 500 mil para pagamento de propina para Evandro Stabile, para resolver o problema da cassação de Juarez, vez que este somente preferia a decisão caso a propina fosse antecipada".
Ainda na versão de Junior, o então juiz Eduardo Jacob teria lhe dito que Juarez estava temeroso em trazer o dinheiro de Sinop para Cuiabá. Junior diz que, então, sacou o dinheiro -em espécie- "e entregou nas mãos de Eduardo Jacob", na casa do ex-membro do TRE, recebendo um cheque datado para 60 dias com juros de 3%. No depoimento consta também que "o cheque emitido por Juarez foi resgatado, por Jacob, dias depois, com o pagamento em espécie". Junior Mendonça é apontado pela justiça federal como principal operador, juntamente com Eder Moraes, de empréstimos fraudulentos que foram repassados para vários políticos e que foram "pagos com recursos públicos".
Trecho de depoimento de Junior Mendonça acusado venda de sentença
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