Um grupo de professores da Universidade do Estado de Mato Grosso está trabalhando na criação de uma política interna para viabilizar a implantação de um museu no campus de Sinop. A perspectiva, é montar acervos sobre a colonização e migrantes, e também com a história indígena, preservando a identidade dos primórdios na região. Atualmente, a instituição conta com museus no campus de Cáceres, Barra do Bugres, Alta Floresta (história natural mais voltado para ciência biológica) e Juara (voltado para indígena).
“Desde o ano passado, a Unemat está com essa proposta aqui em Sinop e primeiro estamos tentando resolver os problemas internos, porque precisamos criar uma política de museus, para que outros sejam abertos. No momento, estamos aguardando a finalização desses trabalhos. Hoje já temos alguns, e apesar de dentro estar funcional, na estrutura da instituição não estão regularizados, então tem que ter uma preocupação maior, e a universidade se responsabilizar pela guarda desses acervos”, explicou, ao Só Notícias, o membro do grupo que encabeça o projeto e professor doutor em História, Tiago Alinor Benfica.
A Unemat já buscou, por duas vezes, a criação de museu em Sinop. “Um foi década de 90, que começou, mas não engrenou, devido a essa falta de uma política sistemática”. “Ano passado também mandamos um projeto para reitoria em Cáceres para criação e foi reprovado, não pela insuficiência do projeto, mas da própria instituição, porque para aprovação de novos é preciso fazer primeiro essa política geral”, pontuou.
Após deliberação da parte burocrática, também haverá negociação com a prefeitura para uma possível parceria. “Existe essa possibilidade, mas tem que ser pensada com a nova gestão que vai assumir. Se conseguir essa parceria temos professores, universitários que tem uma rede de contatos e podem pegar ideias para melhor organização e exposições. Atualmente, o museu municipal está sem sede própria e encaixotado no Dante de Oliveira”, destacou.
Além disso, a gestão do espaço também contará com a participação de acadêmicos. “Vamos precisar de alguns bolsistas, que vão atuar no processo de conseguir doações de acervo, organizar internamente, fazer limpeza, restauração, então teremos que fazer cursos para esses estudantes e auxiliar também os visitantes, por exemplo, quando vem turmas de escolas, ajudar nesse processo de visitação”, salientou.
Já a ideia de criação do museu, de acordo com Tiago, nasceu através do olhar da instituição, voltado a populações menos ‘assistidas’ e por vezes esquecidas. “A Unemat tem um olhar mais voltado para as populações mais carentes, que muitas vezes estão ocultadas da memória hegemônica. Nesse processo de migração temos grupos não representados de nordestinos, de ribeirinhos, inclusive que perderam terras, e sobretudo na representação indígena, que pela ideologia do agronegócio é muito mal vista, por ser mal compreendida”, ponderou o professor.
No próximo mês, haverá fórum dos museus e, a partir daí, a instituição deverá ter previsões sobre os próximos passos. “Depois disso vamos ter algo mais palpável, porque essa ação vai implicar na contratação de uma assessoria para montarmos a parte burocrática e acredito que em meados do próximo ano teremos passos mais firmes”, completou.