Dos mais de 50 policiais militares que atuaram na manifestação de estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em março deste ano, só três foram indiciados pela Corregedoria-Geral da PM. Na ação, seis manifestantes foram presos e dez feridos por balas de borracha. Apesar de indiciados por lesão corporal e abuso de autoridade, os policiais continuam atuando em operações da Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam). O inquérito militar foi encaminhado para a Justiça e agora aguarda o trâmite normal.
Concluído 3 meses depois do episódio violento envolvendo policiais militares e estudantes da UFMT, o inquérito indiciou três agentes da Rotam, sendo o capitão Wittenberg Souza Maia, o tenente Roosevelt Marcos Barros da Silva Júnior, e o soldado Wellington Bispo. Além do indiciamento por abuso de autoridade e lesão corporal, eles deverão responder processos administrativos para apurar as transgressões disciplinares praticadas.
De acordo com o corregedor-geral da PM, coronel Alexandre Torres Maia, os 3 policiais que foram afastados de seus cargos durante as investigações, já retornaram aos seus postos desde o início do mês. Entre eles, está o soldado Wellington Bispo, que foi flagrado disparando balas de borracha a poucos metros contra os estudantes.
"É importante ressaltar que isto ainda é a conclusão do inquérito policial e eles foram apenas indiciados. Agora cabe ao Ministério Público Militar oferecer denúncia ou não à Justiça Militar, que deverá aplicar às penalizações aos envolvidos".
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), Maurício Aude afirma que o órgão espera que todos os policiais envolvidos nas cenas de agressão aos estudantes sejam exemplarmente punidos. Segundo ele, o caso foi um triste episódio para Cuiabá, principalmente pelo desrespeito aos alunos, à imprensa presente na manifestação e a toda a sociedade. No dia, além da prisão de seis estudantes, policiais prenderam dois advogados que foram à Delegacia do Planalto ajudar os alunos. "Foi possível ver nas imagens divulgadas tanto pela imprensa quanto pelos estudantes, que alguns policiais se excederam demais. Sabemos que não foram todos, por isso, aqueles que agiram de forma errada devem ser punidos".
Quanto à quantidade de policiais indiciados, Aude se limita a dizer que o órgão solicitou na época, por ofício, uma lista com os nomes e cargos de todos os policiais presentes na ação e foi atendido pela PM. "Se percebemos que há falhas neste processo, a OAB-MT está pronta para intervir e cobrar as providências necessárias".