O designer gráfico Cicero Moraes, 38 anos, de Sinop, os veterinários Roberto Fecchio, Rodrigo Rabello e Matheus Rabello (Brasília) e o cirurgião dentista Paulo Miamoto (Santos-SP) entraram para o Guinness World 2022, o livro dos recordes, por terem construído uma prótese para uma tartaruga, ferida em queimada florestal. O casco artificial foi considerado a 1ª prótese mundial para tartaruga. “Recebi, há poucos dias, com imensa alegria, comunicado da equipe da Guinness, da Inglaterra, fazendo a confirmação da publicação do nosso trabalho”, descreveu Cicero, ao Só Notícias.
Cicero e os amigos fizeram a prótese em 2015. “A tartaruga estava no Cerrado, em Brasília, onde houve uma queimada e ela foi atingida. A parte superior do casco ficou exposta e ela ficou muitos dias ferida. Moscas colocaram larvas e, com isso, o casco ficou comprometido. Os amigos veterinários fizeram os cuidados. Eu soube do caso no nosso grupo de estudo e me pediram se eu faria a prótese. Topei o desafio mesmo na época estando em Sinop e não tendo controle de todas as técnicas disponíveis hoje. Eles tiraram fotos da tartaruga, me enviaram, transformei em 3D. Eu precisava de um jabuti aqui em Sinop para ser o ‘doador virtual’ e ter o parâmetro do tamanho do casco e fazer o molde completo. Comecei a pensar em quem poderia me ajudar. O amigo Daniel Ludwig (publicitário que reside em Sinop) me auxiliou ‘emprestando’ o jabuti dele para fazer os procedimentos. Fiz o casco digital, dividi em 4 partes e foi para imprimir, trabalho que durou uma semana. Enviei para um colega em Santos (SP), que fez todo o acabamento, com preparo e limpeza da próteses feita em PLA (plástico produzido a base de milho). Desde o começo do projeto até a colocação do casco artificial foi um mês. Felizmente, deu certo e a tartaruga, batizada de Fred, ganhou nova vida. O animal não voltou para a natureza e fica sob cuidados de veterinários, em Brasília”, descreveu Cícero.
O designer acrescentou que dentre os vários recordes que o Guiness registra um dos feitos é o pioneirismo e, neste caso, é por ter sido criada a primeira prótese da tartaruga no mundo. O recorde foi validado em 2021 após as pesquisas e levantamentos feitos pelos editores do Guinness e está na edição 2022.
“Nesse caso não entramos com solicitação para o nosso trabalho ser analisado pelo Guinness. Eles que definiram, com seus próprios critérios, fizeram a análise e decidiram que o recorde é nosso”. “Imagino que eles fizeram isso porque essa notícia teve repercussão mundial. A primeira foi em 2015, em um programa de TV, e ficou conhecida no exterior em 2016, ano em que eles estabeleceram o recorde”.
Cícero, que tem 23 anos de profissão, acrescentou que “esse reconhecimento é uma grande honra. Nunca imaginei isso pelas características da minha atividade profissional. Estou muito feliz porque também me faz lembrar do início da minha profissão, os grandes desafios, a pela vida difícil que eu e minha família tivemos, dos momentos de dificuldades, da minha mãe que nunca me deixou me faltar carinho e sempre me apoiou”, relatou, emocionado.
Cicero já teve outros trabalhos reconhecidos internacionalmente, dentre eles, a reconstrução da face de Santo Antônio de Pádua e São Valentin. Atualmente, desenvolve um aplicativo de planejamento cirúrgico para usuários em mais de 17 países.