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Trabalho de delegados e investigador de MT é citado em livro sobre narcotráfico na fronteira

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“Passagem obrigatória da cocaína que chega ao interior paulista, Mato Grosso tem 983 quilômetros de fronteira com a Bolívia. Só de fronteira seca são 750 quilômetros. Um prato cheio para a travessia da pasta base de cocaína produzida no país vizinho”. O trecho é o início do capítulo 10, intitulado “Conexão Mato Grosso”, do livro “Cocaína, a Rota Caipira”, escrito pelo jornalista Allan de Abreu.

A obra fala sobre o narcotráfico no principal corredor de drogas do Brasil e traz entre as histórias, ações vivenciadas pela Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso, na região de fronteira entre o Brasil e a Bolívia. Durante cinco anos, o jornalista entrevistou policiais, juízes, promotores, cocaleiros no Brasil, Paraguai e Bolívia, e reuniu milhares de documentos que resultaram no livro.

Além das narrativas,  o autor relata sobre a sua dívida de gratidão com todos aqueles que depositaram nele a confiança de fornecer informações sigilosas e mostrar a atuação no combate ao crime. Entre os nomes citados no livro, estão dos delegados Mario Dermerval Aravechia de Resende e Walfrido Franklin do Nascimento e do investigador de polícia Valmir Castrillon.

Entre os anos de 2009 a 2012, os policiais deram suporte ao autor na temporada em que ele passou na fronteira, apresentando a ele as habilidades dos traficantes e todas as dificuldades para que a Polícia enfrenta para exercer suas atividades.

O delegado Mario Dermerval Aravechia de Resende, que atuou na Delegacia de Mirassol D'Oeste (300 km a Oeste de Cuiabá), entre os anos de 2005 a 2012, conta que nas vezes em que o autor veio até Mato Grosso, teve oportunidade de ir com os policiais até a Bolívia e de conhecer diferentes regiões onde foram feitas grandes apreensões de drogas, lagoas nas quais os entorpecentes eram arremessados de avião, estradas onde eram realizadas barreiras, além obter informações sobre as personagens mencionadas no livro.

A quantidade de estradas que dão acesso a Bolívia, chamadas de “Cabriteiras”, a longa extensão da fronteira, tomada por mata e locais inóspitos e ermos, com diversas pistas de pouso e fazendas que fazem divisa com o território boliviano, são apenas alguns dos obstáculos enfrentados pela Forças de Segurança, no combate ao tráfico de drogas.

Os policiais precisam lidar ainda com outros fatores como a criatividade dos traficantes que usam as mais diversas formas para despistar a Polícia, a organização empresarial de grandes grupos criminosos, e a corrupção do aparelho repressivo. Mesmo com as dificuldades apresentadas na época, no período de 2009 a 2012, foram realizadas grande apreensões de pasta base de cocaína da região de fronteira.

“Diante da pouca estrutura, a Polícia Civil apresentou um resultado interessante por conta das ações desbravadoras e da coragem e persistência dos policiais. Foi o início de um trabalho inédito, que serviu de laboratório, para hoje, a Delegacia Especializada de Entorpecentes (DRE) e Delegacia Especializada de Fronteira (Defron) exerçam suas atividades”, destacou Mário Dermerval.

Coragem e persistência foi o que o investigador Valmir Castrillon, chefe de operações na época, precisou para prender o motorista de um caminhão carregado com 330 quilos de entorpecentes, divididos em 140 tabletes de cocaína pura e 154 de pasta base. A droga estava escondida no assoalho de um caminhão truck Mercedes-Benz amarelo. O veículo foi abordado por policiais entre os municípios de Cáceres e Porto Esperidião (326 km a Oeste).

O motorista, abandonou o caminhão na estrada, fugindo em direção a mata fechada. Policiais civis de Mirassol D’ Oeste e Cáceres foram acionados e a caçada ao traficante foi coordenada pelo chefe de operações por mais de 20 horas, sem descanso. O suspeito foi preso após os policiais cercarem todas as rotas de fuga da região.

“Era uma equipe muito bem integrada, decidida a não medir esforços para combater o tráfico de drogas e roubo de veículos na região”, lembra o investigador.

Outra dificuldade mencionada por Dermerval, é o crescimento cada vez maior da atividade do tráfico, demonstrando que as leis são ineficazes, fazendo com que a atividade ilícita seja compensadora ao traficante. “Normalmente, quando os grandes traficantes são presos, já efetuaram o transporte de drogas por diversas vezes e já estão bem capitalizados, tendo condições de permanecer pouco tempo na prisão e continuar com atuando na atividade”.

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