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Terras em Mato Grosso sem registro são vendidas pela internet

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A venda de terras sem registro em Mato Grosso não chega a ser uma novidade. A cadeia condominial das propriedades no Estado, formada em sua grande maioria por grandes latifundios é confusa e se colocada no papel se transformará em um emaranhado quase sem fim. Agora, no entanto, os negócios estão no cyberespaço. Corretoras virtuais podem estar comercializando terras sem registro na Amazônia.
     
A primeira denuncia foi feita pela organização ambientalista Greenpeace no relatório sobre cybergrilagem. Entre as citadas está a “Mercado de Terras”, uma das sete corretoras virtuais que negociam terras públicas nos estados amazônicos. Na parte reservada a Mato Grosso, as ofertas só estão sendo feitas agora sob encomenda.
     
 Mas os rastos são evidentes. A corretora anuncia por exemplo uma área de 810 mil hectares “de mata bruta” em Novo Progresso, no Pará, por R$ 2.430.000,00. Está irregular. O criador da Mercado de Terras é o corretor de imóveis Kuniaki Gondo, que mora em Botucatu, no interior de São Paulo. Ele admitiu a venda de terras sem registro como a anuciada no Pará.
     
“O Mercado de Terras funciona assim: eu sou corretor credenciado no Crespi, em São Paulo. Percebendo a necessidade de cliente que quer vender fazenda, cliente que quer comprar fazenda ou corretores que procuram parceria, montei esse site para trabalhar dessa maneira. Se quiser procurar alguma coisa, tem no meu site – tanto corretores quanto compradores e vendedores. E eles podem cadastrar os imóveis deles, assim como pegar imóveis no meu site para vender em parceria” – explica.
     
Gondo explicou que seu trabalho não tem diferença para uma corretora convencional. “Vamos supor que o corretor queira negociar uma fazenda ou algum imóvel no meu site: nós vamos ter que conversar a divisão de comissão, porque nem sempre o imóvel é meu, é de outro corretor que cadastrou no meu site e que um terceiro corretor quer negociar. Normalmente, ficariam uns 40% para o corretor que tem o imóvel, 40% para quem tem o comprador e 20% para o intermediário, que seria eu” – observa.
     
O mercado de terras, de acordo com o empresário, é bom. Ele disse que tem imobiliárias há mais ou menos seis anos. “E nós mudamos o modo de atuar. Na verdade, nós vendíamos imóvel urbano e aí eu verifiquei que o imóvel rural seria uma opção melhor, né? Aí começaram a vir coisas do Brasil inteiro para eu cadastrar. E foi dessa maneira que eu comecei a cadastrar imóveis de Mato Grosso, Pará, Santa Catarina, Paraná e assim por diante” – contou.
     
Kuniaki Gondo ressaltou que na região a maioria dos terrenos é negociada com problemas de documentação. Ele disse que muita gente que se arrisca a comprar as “propriedades” pelo preço. “Nós estamos agora, mediante uma conversa com o advogado, começando a fazer uma limpeza nos imóveis que têm esse tipo de problema” – disse, assinalando que já mandou uma pessoa que faz a manutenção do site limpar todos esses problemas de grilagem.

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