A mulher acusada de envolvimento na tentativa de morte da filha adotiva foi solta, no último sábado, por decisão do Tribunal de Justiça. O marido dela permanece preso. O advogado Marcos Rogério Mendes explicou que não há provas contundentes que apontam o casal como autores da morte da criança, que tinha 12 anos. “A situação processual diz que a pessoa só pode ser presa depois de uma sentença penal transitada e julgada e ela nunca foi presa, trabalhava todo esse tempo e outro fato interessante que o suposto crime teria ocorrido há mais de oito meses e mesmo assim ela não evadiu daqui de Sorriso, não parou de trabalhar, não buscou qualquer tipo de prova processual. Esse foi um dos elementos cruciais para a soltura dela.”
O padrasto da menina tem antecedente criminal por roubo e inicialmente respondia o processo em liberdade. “Ele estava pagando por um outro crime (de roubo), comparecendo ao fórum e assinando melhor juízo e após acontecer esse fato (caso da adolescente) ele foi preso por esse fato. Esse fato pode, dependendo do outro processo, regredir ele para o regime mais grave, mas isso vai depender do processo anterior. Neste processo, aí é uma técnica da defesa, agora buscar a extensão da ordem, ou seja, pedir para que as mesmas situações que soltaram a mulher, possam soltar o homem. Isso vai depender de uma outra análise no tribunal”, diz o advogado.
“Conversei com os dois separadamente e a fala deles é a mesma, de que a criança sozinha se enforcou. Existem provas técnicas dentro do processo, que vão trazer à tona no final, numa sentença, toda essa situação. A casa tem vários cômodos e a própria menina diz que ela (a mãe adotiva) estava na sala, em tese, cantando o hino da igreja e ela (a garota) estava em outro cômodo, portanto não há visão de onde estava a mãe e a filha com o padrasto e esse é o primeiro ponto divergente. O outro é uma forma iminentemente técnica de medicina lega, que diferencia as duas situações que ela está sendo acusada e eu não posso falar aqui”, acrescenta o advogado.
Conforme Só Notícias já informou, a garota quase morreu, ano passado. Inicialmente o caso passou a ser investigado como suposta tentativa de suicídio com base na versão apresentada para a polícia que ela teria tentado se enforcar com fio de ventilador. A menina ficou na UTI de um hospital em Cuiabá, teve algumas sequelas e se recuperou. Os policiais suspeitaram da versão. Posteriormente, após a prisão do casal, o delegado de Polícia Civil, André Ribeiro, apontou que a mãe não aparentava preocupação com a filha. “Na data do fato o comportamento não era o de uma mãe, já que ela não queria sequer ficar com a filha no hospital. Ela não queria acompanhar a menina na ida a Cuiabá, falou que a amiga iria acompanhá-la porque ela iria casar com esse homem que foi preso com ela,” explicou, anteriormente.
Após ouvir vizinhos e conseguir algumas imagens de câmeras de segurança próximas a casa onde morava, a polícia descobriu que a garota era espancada, obrigada a fazer todas as tarefas domésticas e que não tinha vida social. Ao sair do hospital, ficou internada na casa abrigo em Sorriso e foi acompanhada por psicólogos. Posteriormente, ficou sob os cuidados do pai adotivo. Depois de muito tratamento, voltou a falar e contou o que aconteceu no dia em que foi enforcada.
“Muito traumatizada e muito medo da mãe e do padrasto, ela falou com os psicólogos. No dia do crime ela relata que teria mexido em uns dvds, em uma caixa de fitas e ele (padrasto) não teria gostado disso e essa seria a motivação. Ela apanhava muito e isso teria sido a gota d’água pra ele, fazer esse negócio com a menina. A mãe, por incrível que pareça, acompanhava tudo na sala, cantando, enquanto ele tentava enforcar a menina”, acrescentou o delegado.