A falta de técnicos em necropsia na Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) está causando transtornos para a população sorrisense. De acordo com uma fonte do órgão, que não quis se identificar, há vários meses a unidade trabalha com apenas dois profissionais. “A cada 24 horas de serviço, temos uma folga de 72 horas. Ou seja, pelo menos um dia por semana, nenhum técnico trabalha e não há atendimento”, afirmou, ao Só Notícias.
A fonte explicou ainda que nos dias em que não há profissionais para realizar os exames de necropsia, o atendimento é improvisado. “Esta situação já ocorreu várias vezes. Quando não tem ninguém no plantão, os corpos geralmente são retirados pelas funerárias e encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML), onde ficam até o dia seguinte, quando um técnico assume o serviço. Ainda há possibilidade de transferência para Sinop”, afirmou.
Desde 2010, o Estado não realiza concurso público na área. A “bomba” com a falta de profissionais acabou “caindo no colo” da atual gestão, que anunciou, no início do ano, que um edital deverá ser lançado em breve. Atualmente, o certame estaria em estudo pela Secretaria Estadual de Gestão (Seges). A previsão é que sejam contratados 60 técnicos em necropsia para atendimento em diversos municípios do Estado.
Apesar do anúncio, uma denúncia sobre a situação foi encaminhada ao Ministério Público Estadual (MPE) que instaurou um inquérito para apurar o caso. A promotora Carla Marques Salati quer que a Gerência Regional da Politec em Sorriso esclareça “como estão sendo desenvolvidos os exames de lesões corporais, perícias necroscópicas e recolhimento de cadáveres em locais de morte violenta”. A unidade deverá encaminhar ainda uma cópia do ato administrativo que disciplinou a jornada de trabalho dos servidores lotados no município.
Outro lado – Só Notícias entrou em contato com a assessoria da Politec, que, em nota, confirmou o problema. “A Gerência de Medicina Legal de Sorriso conta com apenas dois técnicos em necropsia que revezam em escala de plantão no regime de 24h/72h. Por esta razão, a realização dos exames fica suspensa em dias alternados. No entanto, devido a esta condição, a retirada de cadáveres é realizada por empresas funerárias, e as necropsias são realizadas imediatamente no dia posterior, quando há servidores de plantão”.
Segundo informado, “os técnicos em necropsia devem cumprir o limite máximo de 160h semanais, o que tem dificultado o atendimento às ocorrências dentro da escala de plantão programada”, detalhou, confirmando, ainda, novas contratações. “Conscientes da situação crítica em que se encontra o quadro de técnicos em necropsia em todo Estado, a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) já encaminhou à Seges o processo sobre a necessidade de realização de concurso para o cargo, que está em andamento dentro dos trâmites legais”.