Os advogados da dona de casa Marlene Aparecida Bueno, 29, vítima de acidente aéreo ocorrido em Sinop há cerca de um mês, pretendem acionar judicialmente a empresa Help Vida por danos morais e materiais. A empresa foi a escolhida pelo Estado para transportar Marlene e seus dois filhos gêmeos prematuros de Juína para Cuiabá, onde seriam internados em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A aeronave não era adequada para transportar enfermos e decolou às 17h15, já com a visibilidade comprometida. Nas imediações de Sinop o avião monomotor PT-NEB caiu, causando a morte do piloto e de Maria Eduarda Amorim, uma das crianças, de apenas sete dias de vida.
O irmão dela, Maikon Amorim, sobreviveu, assim como um enfermeiro e um médico. Os advogados acusam a empresa de não dar qualquer assistência médica à dona de casa, que fraturou a bacia. A Help Vida teria arcado apenas com a ambulância que transferiu Marlene de um hospital de Sinop para Cuiabá. Na Capital, ela foi internada nos hospitais do Câncer, Geral e no Pronto Socorro Municipal.
Segundo o jornal A Gazeta, ao longo desse tempo, a dona de casa conseguiu amamentar o filho acidentado, que estava no PSMC, apenas duas vezes. Em ambas, o transporte foi feito com ambulâncias do Sistema Único de Saúde. Medicamentos e fraldas para o bebê estão sendo arcados pela família, que não tem condições financeiras. “É uma omissão total. A empresa deveria ser a responsável por arcar com todos os atendimentos e demais despesas”, afirma o advogado Everson Duarte da Costa. A proposta de acordo extra-judicial é de que a Help Vida indenize a família em 4 mil salários mínimos.
Além da tragédia mais visível, o acidente teria causado danos indiretos à família de Marlene Aparecida Amorim.
Uma irmã da dona de casa, com seis meses de gestação, sentiu-se mal ao saber que a aeronave havia caído. Levada para um hospital de Juína, ela entrou em trabalho de parto. A criança foi retirada, mas não resistiu e morreu em seguida. Sem acreditar na sorte, o marido de Marlene, Airton Bueno, entrou em desespero.
Pensou em cometer suicídio. “Graças a Deus que não fiz isso e deu tudo certo”, alivia-se Bueno, que trabalha como guarda-noturno em Juína. Ele já está há mais de um mês em Cuiabá para acompanhar a recuperação da mulher e teme perder o emprego por estar ausente tanto tempo.
Os médicos que acompanham Marlene deram um prazo de três meses para a cicatrização da cirurgia feita na bacia. Do acidente, a dona de casa não consegue se esquecer dos momentos de desespero. “Só acordei à noite e fui me arrastando até encontrar os meus filhos”. Foram 20 horas no meio da mata ao lado da filha morta e assistindo à agonia do piloto, que morreu apenas no dia seguinte. A reportagem do jornal A Gazeta tentou contato com a advogada da empresa Help Vida, mas não houve resposta para as chamadas feitas no celular dela no final da tarde de ontem.