A morte de um dos principais fundadores de Sinop, Uli Grabert, 82 anos, está tendo forte repercussão. O desbravador, bandeirante, que abriu as primeiras picadas para fundar Vera, Sinop e demais cidades foi velado na capela Sauer, na avenida dos Jacarandás, em Sinop, e está sendo trasladado, para Ubiratã (PR), cidade que ajudou a fundar e onde foi sepultada sua esposa.
O prefeito Juarez Costa decretou luto oficial de 3 dias. Os prefeitos de Vera, Nilso Vigolo, de Claudia, João Batista e de Santa Carmem, Alessandro Nicoli também decretaram luto.
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Empresário Osvaldo de Paula, primeiro administrador de Sinop, em 1981 (nomeado pelo então governador Frederico Campos): "Fico muito emocionado com sua morte. Ele foi sempre grande companheiro. A primeira pessoa que conheci aqui foi o Uli. Tudo que a gente precisava, na época, a gente se socorria com o Uli. Tivemos grande amizade, com muito respeito. É uma perda imensa. Estou indo ao velório me despedir do amigo", disse, ao Só Notícias. Uli, em suas entrevistas, registrava que Osvaldo Paula foi um dos primeiros a construir sua residência em Sinop.
Geraldino Dal Maso, 1º prefeito de Sinop, soube do falecimento de Uli, através de Só Notícias. "Foi um grandes desbravador. Ele foi o criador de praticamente tudo que está aí. Na época da fundação, ele foi o delegado, o conciliador, o juiz. Foi meu porta voz das necessidades que a prefeitura tinha. Ele intercedia com seu Enio (Pipino). Ele tem o mesmo papel na história que Enio Pipino e João de Carvalho", declarou.
Dom Gentil Delazari, bispo emérito de Sinop: "Uli foi pessoa muito voltada para o progresso e com muita retidão de intenções. Um grande desbravador com grande honestidade nos seus trabalhos. Ele abriu caminhos para que o progresso acontecesse. Era acolhedor de todas categorias. Nós temos muito a agradecer as necessidades da igreja, nos apoiando com doação de áreas pela Colonizadora Sinop. Temos muito a agradecer", disse, ao Só Notícias.
Deputado federal Nilson Leitão: "Sinop perde seu verdadeiro desbravador. Ele foi o verdadeiro construtor. Enio Pipino e João Pedro de Carvalho idealizaram. Quem enfrentou chuva e sol para executar o plano foi Uli. Ele colocou em prática o projeto. Pelo tamanho da sua história, Uli merece grandes homenagens. Algumas fizemos quando fui prefeito pelo reconhecimento de seu trabalho".
O professor e o historiador Luiz Herardi Ferreira dos Santos, que se dedica há anos a pesquisas sobre a história de Sinop, registrou que "Uli foi aquele que abriu os caminhos para que nós chegássemos aqui. Seu Enio Pipino e seu João Pedro de Carvalho foram os empreendedores, os colonizadores. Mas Uli foi o executor dos trabalhos da fundação. Era topógrafo e veio pra cá pelos méritos dele, pela confiança que teve com os colonizadores. Ele foi grande desbravador e coordenou as equipes que abriram as cidades", descreveu, ao Só Notícias.
O ex-deputado Ricarte de Freitas Junior, primeiro diretor da Rádio Celeste e o pioneiro na comunicação, considera que, "depois de Enio e João Pedro, Uli é principal nome do pioneirismo. Foi o cara que fez Sinop. Sinop existe por causa do Uli, que teve coragem de ir desbravar, superando conflitos, intemperes. Teve crença nas instalações e no futuro. Foi uma figura humana com uma coragem incomparável, responsável por manter funcionamento da Colonizadora, da Agroquímica. Ele inventou o Colonial (restaurante construído para recepcionar o então presidente da República, João Figueiredo). Era amigo dos amigos. Em cada esquina de Sinop tem um pedaço da sua história. Quem não se lembra do Uli frequentando o bar da Tia, com coração tão grande, que sempre estendia a mão pro Zé da Onça (pioneiro). Conhecia cada um que chegava, na época da fundação, e chorava por cada um que saía. O que sinto mesmo é que Sinop está perdendo sua história e suas referências. Não sei se o Uli deixou um arquivo com suas realizações, o que viveu, o que sonhou, o que realizou e o que não conseguiu realizar. Mas a perda do Uli é a perda de um pedaço considerável de Sinop", lamentou.
O prefeito de Vera, Nilso Vigolo, disse que Uli foi "o primeiro a entrar nesse município. Quando ele chegou aqui, não era nada. Fica o exemplo de determinação, bravura. Ele olhou para o futuro", declarou.
O deputado Dilmar Dal Bosco (DEM) disse que Uli "contribuiu muito para o desenvolvimento na região. Ele fez a diferença. Foi o braço direito de toda a colonização. Ele deixou uma grande semente. Uli foi extremamente abençoado por Deus com seu trabalho na colonização das cidades da região de Sinop. Ele deixa um grande legado".
Mauro Garcia, presidente da câmara: "Ele foi um grande pioneiro. Foi um grande pilar de Sinop. Ele representa com seu Enio e seu João, o Uli é o símbolo do grande desbravador. O amor dele a cidade é tanto que morou aqui até o último dia".
O empresário e pioneiro Irineu Martins disse, ao Só Notícias, que Uli "foi uma das pessoas de grande importância na criação e desenvolvimento de Sinop, sempre atuando na linha de frente. Tinha grande apreço por ele, por seu trabalho, por sua inteligência. Perco um amigo", lamentou.
José Pedro Serafini, secretário de Governo: "Uli foi o verdadeiro bandeirante, não menosprezando os demais. Ele atravessou o rio Teles Pires, com mais alguns, para realmente abrir Sinop. Naquele tempo, os donos, seu Enio e João, sobrevoaram primeiro a região. Mas Uli e um grupo vieram por terra. Foi destemido e responsável pela epopeia que se transformou a Gleba Celeste".
A Colonizadora Sinop divulgou nota lamentando a morte de Uli e destacando que ele foi "braço direito de Enio Pipino e João Pedro de Carvalho" e manifestando condolências aos familiares pelo falecimento do "notável colaborador".
Em nota, o deputado Silvano Amaral disse que “é uma perda irreparável para Sinop. Homem de muitos conhecimentos e que contribuiu consideravelmente para o crescimento e desenvolvimento da nossa cidade. Meus sinceros sentimentos à família e aos amigos, que foram surpreendidos por essa notícia tão triste".
(Atualizada às 15:26h)
Uli pilotando trator no rio Teles Pires na abertura de Sinop, em 1974 (fotos: reprodução)