Das 10 espécies de macacos encontradas na capital do Nortão, o zogue-zogue-de-vieira e o zogue-zogue-de-Mato-Grosso estão “criticamente em perigo”; o macaco-aranha-de-cara-branca, o macaco-aranha-de-cara-preta e o mico-de-schneider estão “em perigo”; e o cuxiú-de-nariz-vermelho está vulnerável. O levantamento foi feito, hoje, ao Só Notícias, por Gustavo Canale, professor de ecologia da UFMT Sinop e membro do grupo de especialistas em primatas da União Internacional para Conservação da Natureza.
Gustavo aponta que o principal fator de risco para os animais é o desmatamento, que causa a diminuição dos territórios. “A gente tem florestas que estão sendo convertidas em pastagem e depois, na sequência, em plantio de grãos”, “como nessa região tem muitos rios que fazem a separação de espécies, elas não conseguem cruzar de uma margem para outra. Em função de desmatamento, principalmente, tem essa diminuição das populações”, explicou.
O especialista complementou que o segundo fator é a crescente urbanização do município, que troca florestas por condomínios e empreendimentos imobiliários, fazendo com que os macacos “invadam” a cidade, como foi o caso do zogue-zogue-de-vieira avistado, na semana passada, em ruas do bairro Residencial Ipiranga.
Uma solução apontada pelo professor é a criação de “corredores ecológicos”, que incluam passagens para animais arborícolas, e que liguem fragmentos florestais dentro da cidade. “Essas áreas de preservação permanente precisam estar totalmente conectadas. Um exemplo é o Parque Florestal, que é uma margem de um rio que foi canalizado”. “Ali tem algumas avenidas que interrompem a vegetação e o rio passa por baixo, nas galerias de água. Só que o rio passa por baixo e por cima não tem floresta”, “nesse caso, a lei manda reconectar. Como você não pode plantar árvore em cima da rodovia, você faz passagens de fauna”, esclareceu.
As demais espécies encontradas em Sinop são o macaco-prego, o bugio, o mico-de-Emília e o macaco-da-noite. Em Mato Grosso, existem 30 espécies de macacos catalogadas, que é mais do que todas as da Mata Atlântica juntas, que somam 25, segundo o professor.
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