Moradores da Comunidade Fátima e catadores de produtos descartáveis fazem, durante todo o dia, um protesto contra a fumaça que sai do lixão, localizado na estrada Alzira. De acordo com o empresário Luís Copel, a intenção é impedir a passagem apenas de caminhões e outros veículos com lixo. Os demais estão liberados. O protesto deve durar por tempo indeterminado. “Nosso objetivo é fazer com que a prefeitura apague o incêndio”, explicou ao Só Notícias.
O morador Aldaírton Carlos Piareski afirmou que a prefeitura não cumpriu a promessa de apagar o fogo no lixão. “Estamos morrendo. Há pessoas que moram a 200 metros do lixão com filhos recém nascidos. Temos foto do trator (da prefeitura) empurrando lixo no fogo. Como o incêndio será apagado assim? Estamos pedindo que as autoridades tomem providências, pois, até hoje, só houve ‘enrolação’. Será que teremos que abandonar tudo? Como vamos sobreviver desta forma”.
O incêndio também tem causado prejuízos para os catadores, segundo Maria Souza. Ela detalhou que alguns trabalhadores tiveram os “bags” (bolsas utilizadas para recolher os resíduos) destruídos pelas chamas. “Eu perdi tudo. Meu prejuízo é de aproximadamente R$ 700. Esperamos melhorias e que o prefeito tome alguma atitude. Vamos ver se ele vai nos atender. Até lá, o protesto segue por tempo indeterminado”.
Segundo os manifestantes, o fogo começou há cerca de cinco meses. Cerca de 38 coletores de resíduos trabalham no local. Mais de 100 famílias moram na região.
Esta é a segunda vez que a estrada de acesso ao lixão é fechada. Conforme Só Notícias já informou, o primeiro protesto ocorreu em julho. Na ocasião, segundo os moradores, a prefeitura teria concordado em apagar o incêndio, caso o manifesto fosse encerrado. A promessa, no entanto, teria durado pouco tempo, uma vez que horas depois o fogo recomeçou e acabou se alastrando.
Questionada, a secretaria de Meio Ambiente, Cristina Ferri, informou, na oportunidade, que a prefeitura iria tomar as medidas necessárias para apagar o incêndio ou, pelo menos, conter a fumaça. Apesar disso, destacou que a Secretaria de Obras é responsável pelo local. O chefe da pasta, Marcos Lopes, foi procurado, mas, na ocasião, não atendeu, nem retornou as ligações.
A prefeitura tinha um prazo até o dia 1º de dezembro para continuar destinando resíduos nos lixões do município, como, por exemplo, o da estrada Adalgisa. O juiz da 6ª Vara Cível, Mirko Vincenzo Giannotte, responsável por julgar a ação do Ministério Público Estadual (MPE) que cobrou o fim dos depósitos irregulares ainda não se pronunciou sobre possível dilação de prazo. No entanto, no mês passado, decidiu que, caso houvesse “ânimo de gestão”, poderia conceder “ínfimo elastério complementar”.
Além disso, o magistrado, ciente do risco para a segurança da aviação, diante da proximidade com o aeroporto municipal, também havia estabelecido que um servidor público da prefeitura fosse enviado para supervisionar o lixão da estrada Alzira. O objetivo era impedir, justamente, os focos de incêndio.
O edital de licitação para contratar uma empresa especializada em transporte e destinação de resíduos sólidos urbanos, domésticos e comerciais (com características domiciliares) foi lançado no final do mês passado. A abertura das propostas está prevista para o dia 12 de dezembro. A prefeitura prevê um gasto de R$ 17 milhões em um ano, valor que será subsidiado pela cobrança da taxa de lixo, já instituída em lei.
O outro lado – Só Notícias procurou, novamente, o secretário municipal de Obras, Marcos Lopes. Desta vez, ele explicou que a prefeitura não fará nenhum acordo com os moradores, pois, há liberação da justiça para depósito de resíduos naquele local. Segundo Marcos, o Departamento Jurídico do Executivo será acionado para tomar as providências necessárias e encerrar o bloqueio na estrada.
(Atualizada às 14h30 – foto: Só Notícias/Luiz Ornaghi)