Os médicos do Hospital Santo Antônio estão ameaçando parar o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) na unidade devido a atrasos no pagamento dos salários. A informação foi confirmada por uma funcionária, que preferiu não se identificar, mas disse, ao Só Notícias, que “há dez meses os trabalhadores estão sem receber e não sabemos o que está acontecendo”.
“Tínhamos seis médicos nas UTIs, agora só temos dois. Ou seja, devido a situação, a maioria foi embora. O prazo está acabando e a justiça já está ciente. As seis crianças que estão internadas terão que ser transferidas para outro lugar no Estado porque, no município, somos os únicos que atendemos estas especialidades”, apontou a fonte.
O impasse, entretanto, segundo a fonte, não atinge somente os profissionais das UTIs infantis. “Todos estão sem receber. Não vai mais ter operação de ortopedia, neurocirurgia, entre outras. A diferença é que, nestes casos, o Hospital Regional atende, daí a população não sente tanto”, ressaltou.
A funcionária ainda fez duras críticas à direção do hospital que, segundo ela, não fornece uma resposta precisa para os profissionais. “Todas as vezes fazem reuniões e dizem que pagarão na próxima semana e que o atraso é por culpa do Estado. Simplesmente não sabemos o que é feito com o dinheiro. Antes, quando a Fundação Comunitária de Saúde (responsável pelo Santo Antônio) era também administradora do hospital regional, os salários eram pagos em dia. Ao que parece, o SUS parou de pagar e alguns médicos foram trabalhar no regional, pois não recebiam mais”, relatou.
O outro lado
O diretor do Santo Antônio, Wellington Randall Arantes, afirmou ao Só Notícias que a situação é verídica e “existe perigo de parar. Estou em Cuiabá para resolver o problema com o secretario estadual de Saúde, Marco Bertúlio. Acredito que o governo vai tomar uma posição”. Segundo o diretor, o atraso no pagamento decorre de uma dívida de R$ 15 milhões do Estado com a fundação. “Ainda discutimos algumas controvérsias sobre o montante do repasse, mas posso afirmar que o governo anterior simplesmente não cumpriu com os contratos. O prejuízo financeiro para o hospital é evidente, assim como o prejuízo profissional, uma vez que vários médicos deixaram de trabalhar”, apontou, dizendo, entretanto, que “os salários não estão atrasados há dez meses. Não posso precisar há quanto tempo estão, mas, de qualquer forma, não está longe disso também”.
Conforme Só Notícias já informou, enfermeiros e técnicos do hospital cruzaram os braços no final de janeiro. Na ocasião, Bertúlio esteve no município e confirmou o repasse de valores atrasados. No entanto, o valor não foi divulgado. O montante teria sido utilizado para pagar os trabalhadores. A justificativa da unidade para o não pagamento na época foi em relação ao atraso, por parte do governo, na liquidação das Autorizações de Internações Hospitalares (AIH’s) que estariam se arrastando desde setembro do ano passado.