O Hospital Regional de Sorriso está em situação alarmante devido a falta de repasses por parte do governo do Estado e alguns serviços correm o risco de serem paralisados na próxima quarta-feira (28). Os pagamentos efetuados não suprem todo o débito da unidade de saúde. Para resguardar a equipe de profissionais, a direção técnica registrou um boletim de ocorrências na Polícia Civil.
Segundo o diretor-técnico Roberto Satoshi, faltam medicamentos básicos como adrenalina, atracúrio, anestésico usado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para intubação do paciente para relaxar a musculatura. Além disso, há deficit de antibióticos. “Fica inviável continuar atendendo os pacientes graves que vão ao hospital”, pontua.
Segundo ele, os fornecedores e as equipes estão com os pagamentos atrasados. Satoshi explica que alguns débitos existem desde o mês de agosto, como do setor de nefrologia, as equipes de cirurgia, neuro e buco-maxilar estão com o salário atrasado desde setembro. “Algumas pessoas trabalham só no HRS, é a única renda para eles que acabam ficando com as contas atrasadas”. Por isso, se não houver pagamento, na próxima semana, afirma, os pacientes deverão ficar sem hemodiálise, por causa da paralisação das atividades.
Segundo a direção do hospital, alguns desses internos não podem ser transferidos, em busca de atendimento em outra unidade, devido o estado de saúde ser bem crítico. Por sua vez, outros setores do hospital, como a lavanderia e limpeza, quando não recebem, pressiona de outra forma, funcionando então apenas 30% do efetivo. Quando o repasse é feito pela gestão, o pagamento é realizado diretamente aos fornecedores. “Pagam só parte, a quantia não é suficiente para arcar com toda a despesa e assim, a dívida continua existindo. Se não houver a quitação, não sei até onde podemos aguentar”, diz.
Diante desse cenário, a diretoria do hospital esteve na delegacia de polícia para registrar um boletim de ocorrências. A medida foi tomada para resguardar os profissionais que trabalham no HRS. “A vontade tem, mas a culpa não é nossa. Se acontecer o caos ou algum óbito por esses motivos, a culpa não é da equipe que está trabalhando”, frisou o Satoshi.
Outro lado – A Secretaria de Estado de Saúde (SES) encaminhou nota esclarecendo que tem tomado todas as medidas necessárias para impedir a suspensão de serviços médicos. No caso do Hospital Regional de Sorriso, o Estado repassou até o final da tarde de quinta-feira (22), o total de R$ 1 milhão para despesas emergenciais. “Salientamos que a SES defende a busca do diálogo junto aos hospitais regionais para evitar a suspensão de atendimentos ou mesmo prejuízos a população”, diz trecho da nota.
A pasta informou ainda sobre outros hospitais que têm enfrentado problema semelhante com relação aos pagamentos. Com relação a Cáceres (225 quilômetros de Cuiabá), a SES repassou R$ 3 milhões para as unidades hospitalares do município. “Sendo R$ 2 milhões para o Hospital Regional e R$ 1 milhão para o Hospital Filantrópico São Luiz”, explicou o posicionamento.
Em novembro, o Estado anunciou que seriam investidos R$ 70 milhões na área da Saúde. Com destino para pagamento dos hospitais regionais, aquisição de medicamentos, repasses aos municípios e pagamentos de fornecedores. A quantia é parte dos R$ 109 milhões a título de repatriação, ou seja, valores aplicados irregularmente no exterior.