O sertanista da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Jair Candor, foi premiado na categoria Impacto Social, da Brazil Conference, em Cambridge, nos Estados Unidos, em reconhecimento pelo seu trabalho e dedicação à proteção dos povos indígenas e à preservação da Amazônia. Atualmente, ele é coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) Madeirinha-Juruena, localizada em Cuiabá, uma das 11 unidades da Funai especializadas na proteção de indígenas isolados e de recente contato distribuídas na Amazônia Legal, onde predominam esses povos. A FPE Madeirinha-Juruena atua na proteção de indígenas isolados da Terra Indígena Kawahiva do Rio Pardo, em Mato Grosso.
A premiação ocorreu durante a 11ª edição do evento realizado esta semana na Universidade Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dois dos centros acadêmicos mais prestigiados do mundo. Jair Candor também recebeu um certificado do Consulado-Geral do Brasil em Boston, reforçando o valor e a relevância de sua contribuição para o Brasil e para a comunidade internacional.
Jair Candor participou do painel “Servindo o Brasil”, que dá nome a um dos programas da Brazil Conference, no qual ele foi selecionado, junto com mais três personalidades brasileiras que também tiveram seu trabalho e trajetória contados e reconhecidos no evento: Natallya Levino, professora e pesquisadora com foco nos impactos socioambientais de mineração; Maria Silva, ativista pelos direitos indígenas, quilombolas, mulheres rurais e LGBTQIAPN+ com atuação focada na promoção da igualdade e justiça social; e Marcia Brasil, cuja trabalho como pesquisadora amplia o acesso à saúde integral para pessoas trans, indo além das questões biomédicas e cirúrgicas, promovendo dignidade e respeito.
O programa “Servindo o Brasil” busca valorizar servidores públicos que fazem a diferença no bem-estar da sociedade e promovem soluções para os desafios do país.
No painel, mediado pelo apresentador Rodrigo Faro, o sertanista da Funai compartilhou sua trajetória de 36 anos como indigenista e as atividades que desenvolve, protegendo indígenas isolados e de recente contato. “É um trabalho perigoso e complicado e que carece de técnica boa de mato para sobreviver na selva”, contou.
Ele também falou dos principais desafios enfrentados no que considera uma missão: preservar a integridade física dos indígenas isolados e não deixá-los ter contato com outras comunidades em razão do risco de vida que correm por falta de memória imunológica, pois uma simples gripe pode dizimar um grupo inteiro de isolados. “Também corremos risco de vida. Quando entramos em uma expedição, a gente pode não voltar. Os indígenas que eu protejo podem me matar porque não sabem o meu papel, o que faço por eles”, relatou.
Segundo a Funai, é com a ação executada pelas Frentes de Proteção Etnoambiental que atua para garantir a autodeterminação e autonomia dos povos isolados sem a necessidade de promover contato e sem nenhuma interferência nos seus modos de vida. As FPEs também acompanham a garantia da promoção de direitos, para que sejam respeitadas as especificidades dos povos indígenas de recente contato.