O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) visa que toda criança esteja alfabetizada até os oito anos de idade. Ações nesse sentido estão sendo trabalhadas com orientadores da área educacional que atuam nos municípios de Mato Grosso. Com este objetivo, cerca de 350 professores – representando todos os municípios de Mato Grosso – participaram de mais um seminário do PNAIC, com o foco “criança no ciclo de alfabetização”.
Os participantes são responsáveis pela formação dos professores que atuam no 1º Ciclo, ou seja, do 1º, 2º e 3º ano do Ensino Fundamental. No seminário, estiveram distribuídos em diversos grupos de trabalho, cada qual com um profissional formador do pacto, onde socializaram as atividades que foram desenvolvidas nos municípios.
São experiências e pontos positivos da alfabetização desde a aplicação do pacto, em 2013. Também abordaram os desafios, as dificuldades e as expectativas diante da ação.
Nas fases anteriores do PNAIC aconteceram os cursos sobre currículo na perspectiva de inclusão e diversidade, em 2013, e alfabetização da matemática, no ano seguinte. Neste último, o foco foi a criança no ciclo de alfabetização no sentido da concepção da criança e a infância dela, portanto, como assimilar essas diferenças que chegam ao Ensino Fundamental, uma vez que entram mais cedo e ficam mais tempo na escola (são 9 anos de Ensino Fundamental).
“Estamos discutindo essa educação inclusiva, são crianças do campo, indígenas, especiais e do ensino regular. São distintas umas das outras, cada uma com sua especificidade e, consequentemente, com diferentes infâncias. A UFMT [Universidade Federal de Mato Grosso] atua na formação dos orientadores, que por sua vez repassam aos professores para que melhorem cada vez mais o trabalho junto aos alunos. Uma disciplina contribui com a outra no processo, pois o Pacto atua com a interdisciplinaridade”, explicou a coordenadora adjunta do Pacto na área de Linguagens, Silvia Pilegi Rodrigues, da UFMT de Rondonópolis.
O PNAIC, segundo ela, não é um programa só de atualização, mas de formação que suscita a reflexão do profissional em sala de aula. “O professor é o protagonista da sua formação e atuação. Por isso não temos receitas prontas. Nosso material de estudo é elaborado com o objetivo de provocar, de instigar o professor. São apresentadas sugestões de ideias para o enriquecimento das disciplinas em sala de aula, mas que vai depender da atuação do professor, não tem receita. São relatos de experiências vivenciadas por docentes, do que fizeram em determinada situação, com descrição do que deu certo e o que poderia melhorar”, pontuou Silvia.
Maria Luíza de Melo Dias, orientadora do Pacto no município de Alta Floresta, afirmou que os professores mudaram a forma de trabalhar, aplicando o fazer diferente em sala de aula depois da implementação do PNAIC. “O Pacto proporciona essa metodologia de envolver o professor e aluno numa aprendizagem inovadora”.
No primeiro ano do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa foi trabalhada a sequência didática, visando um tempo maior para cada tema ou assunto. Na prática, o professor tem mais tempo para aprofundar o conteúdo. Em 2014, a metodologia continuou sendo aplicada, mas foi acrescida a matemática. Ou seja, houve uma sequência pedagógica com a inclusão dos jogos.
“Os resultados são animadores e os relatos são da vontade pela continuidade das ações. O Pacto não é só teoria. A transposição didática acontece na prática. Além disso, auxilia no planejamento, na metodologia a ser aplicada, na forma didática do professor desenvolver suas atividades em sala de aula. E abrange todas as disciplinas sem perder o que já aprenderam”, destacou Maria Luiza.
Segundo a orientadora, é de grande relevância a implementação do Pacto não só em Mato Grosso, mas no país todo, porque está levando o professor a pensar diferente a prática pedagógica, ou seja, o ensino e está chegando ao aluno.
Chegar ao aluno significa resultados. E para Maria Aparecida Toló, coordenadora do PNAIC pela Seduc, este é o desafio. “Nosso desafio enquanto profissional é fazer chegar ao aluno, para não chegar ao final do Ensino Fundamental com alunos analfabetos funcionais”. Ela destacou ainda que os avanços são verificados por meio da Prova ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização), a qual apontou, no último diagnóstico, que em Mato Grosso existem mais de 20% de alunos na condição citada.
O Seminário Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa aconteceu entre os dias e 09 de outubro, no Hotel Fazenda Mato Grosso, em Cuiabá, sob a coordenação da UFMT – Campus de Rondonópolis, com apoio Ministério da Educação, Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e das Secretarias Municipais de Educação.