A operação realizada no Rio São Lourenço, pela Superintendência de Ações Descentralizadas da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), por meio da Coordenadoria de Fiscalização da Pesca, é considerada a segunda mais importante deste ano no combate à pesca ilegal, pois desarticulou um grupo que vinha atuando de forma ilícita em Mato Grosso para abastecer o mercado em geral, principalmente o da capital.
Este grupo, que já vinha sendo monitorado pelos fiscais da Sema, seria responsável inclusive pela compra de pescado da aldeia dos Umutinas (região de Barra do Bugres) na época da Piracema e neste período do ano retirava peixe tanto do Rio São Lourenço como do Rio Piraim, que é um braço do Rio Cuiabá.
A operação foi realizada próximo a Unidade de Conservação Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Sesc-Pantanal, no município de Barão de Melgaço.
Foram apreendidos 730 quilos de pescado, principalmente de pintado, jaú e pacu. A operação, realizada de quarta-feira até ontem, resultou ainda na apreensão de uma lancha de pesca profissional, três rabetas (motor que permite que barco navegue com um palmo de água), três barcos, uma rede e nove carteiras de pescador profissional.
A pesca estava sendo realizada com estaca (armadilha fixa) o que é proibido. Além disso, os pescadores estavam a menos de dois quilômetros da Unidade de Conservação, o que também não é permitido por lei. Entre o pescado apreendido, ainda havia peixes malhados (com marca de pesca predatória).
Coordenador de Fiscalização da Pesca, Marcelo Cardoso enfatiza que o local onde os 730 kg de pescado foram apreendidos é de difícil acesso. A operação foi desencadeada com 12 fiscais da Sema, três embarcações com motor e três veículos. Devido a dificuldade de acesso ao local, não foi possível realizar o flagrante dos pescadores, uma vez que os carros acabaram atolando quando a equipe retornava com os infratores por uma estrada vicinal que liga o Mimoso a São Pedro de Joselândia.
Entretanto, foi realizado o embargo da lancha de pesca profissional utilizada pelo grupo e que possui capacidade para transportar até cinco mil quilos de pescado por semana, sendo que a Legislação permite apenas mil quilos. Com este embargo, Cardoso aponta que o grupo acaba tendo sua ação ilegal coibida, além do fato das carteiras de pesca também terem sido apreendidas.
Durante a operação, os fiscais da Sema chegaram a andar sete quilômetrosa pé dentro da mata, para chegarem a região do Bodoque, onde o crime ambiental estava sendo praticado. A operação resultou ainda em uma multa de R$ 85 mil para o chefe do grupo. A Coordenadoria de Fiscalização da Pesca irá encaminhar todas as informações sobre a operação para o Ministério Público do Estado.
A operação foi desencadeada após denúncias recebidas na regional de Rondonópolis e na Ouvidoria da Sema em Cuiabá. O pescado apreendido foi armazenado na câmara fria da Sema e será doado ainda nesta segunda-feira (23) para entidades beneficentes da capital.
Piracema
A operação considerada mais importante pela Sema este ano foi realizada durante o período da Piracema, quando o trabalho de fiscalização resultou na desarticulação de um grupo de atravessadores que atuava na aldeia dos Umutinas (região de Barra do Bugres) que é de responsabilidade federal. Localizada às margens do Rio Paraguai, a aldeia foi alvo dos atravessadores. Exemplo disso é que dos 1.613 kg de pescado apreendidos em Cuiabá durante a Piracema, 1.464 kg era provenientes da aldeia Umutina. Os atravessadores que atuaram nesta região acabaram migrando do município de Barão de Melgaço, onde a Sema instalou um ponto fixo de fiscalização.
Durante a Piracema, foram encaminhadas à delegacia e autuadas 24 pessoas, sendo que oito delas foram autuadas no município de Barra do Bugres. A fiscalização da Sema, devido a migração dos atravessadores, está focada principalmente nas regiões de Barra do Bugres e Nobres, onde foi verificado o aumento da pesca ilegal na última Piracema.