Após três dias de operação na Reserva Extrativista (Resex) Guariba Roosevelt, em Colniza (a 1,1 mil quilômetros de Cuiabá), as equipes de fiscalização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) já localizaram um total de 200 toras de madeiras, o equivalente a cerca de 500 m³, que encheriam 40 caminhões. Também foram encontradas nove esplanadas no meio da mata, com quatro acampamentos ilegais, que serviam de base de atuação deste grupo criminoso. Por enquanto, apenas seis pessoas foram presas, um trator de grande porte e uma motocicleta apreendido , mas o monitoramento continua na área para se chegar às lideranças do crime ambiental.
Conforme o coordenador de Unidades de Conservação e Áreas Protegidas (Cuco) da Sema, Alexandre Batistella, as madeiras continuam no local, o que requer atenção extra, já que os criminosos são audaciosos e podem voltar para tentar a retirada antes da intensificação das chuvas. Dos três tratores que estavam sendo utilizados para a retirada do produto florestal, até o momento, a fiscalização só encontrou um, os demais continuam escondidos no meio da mata. “Como medida de segurança as duas pontes que davam acesso à reserva foram destruídas, restando apenas uma via que esta sendo monitorada 24h para garantir que novos criminosos não retornem à área”.
Ele explica que as pontes serviam para passagem de carga pesada, o que demonstra a criação de uma megaestrutura para um processo de intensa exploração de madeira dentro dessa unidade de proteção do Governo do Estado que em menos de 20 dias ‘esquentaria’ grande quantidade de madeira ilegal, advinda do desmatamento da floresta Amazônica. Mas a preocupação é que este é apenas um braço do esquema criminoso da qual devem integrar madeireiras que fariam o processamento da madeira. “Quero frisar que além dos crimes ambientais, essas pessoas estão colocando em risco a vida dos povos tradicionais da Resex e de índios isolados que vivem na divisa com a unidade”.
Essa fiscalização foi um desdobramento da operação Mata Verde, realizada em maio deste ano, quando três pessoas foram presas em flagrante por grilagem de terra e cerca de 100 notificadas por invasão de área, que atualmente está em uma região de conflito cobiçada por se tratar da última fronteira do desmatamento em Mato Grosso. Cerca de 20 pessoas integram a fiscalização conjunta que deve continuar na área pelas próximas semanas: técnicos da Sema, das regionais e da Coordenação de Unidades de Conservação (Cuco), homens do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMPA) e da Força Tática da PM de Juína.
O monitoramento contou com a troca de informações junto à Fundação Nacional do Índio (Funai) a partir da Frente de Proteção Etnoambiental Madeirinha-Juruena, que enviou ofício à Sema há algumas semanas relatando o problema das invasões às terras indígenas naquela região e também teve apoio do escritório regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O próximo passo, segundo a secretária de Estado de Meio Ambiente, Ana Luiza Peterlini, é enviar o relatório para o setor de inteligência da Polícia Judiciária Civil e para os Ministérios Público do Estado (MPE) e Federal (MPF). “O governo do Estado não vai poupar esforços para chegar aos líderes do grupo criminoso que está promovendo essa exploração ilegal na região”.