Esta semana será apresentado o novo levantamento sobre o pedágio na rodovia Emanuel Pinheiro, a MT-251. Apesar das reclamações apresentadas sobre a implantação do pedágio pelas Câmaras de Cuiabá, Chapada dos Guimarães e Campo Verde na audiência pública realizada, ontem, na capital, a Secretaria de Estado de Transporte e Pavimentação Urbana (Setpu) afirma que a privatização “é um caminho sem volta” e que em breve deve ser aberto o processo de licitação.
Nascida em Chapada dos Guimarães, a aposentada Enir Siqueira, 55 anos, voltou para a cidade natal após a aposentadoria para viver com mais tranquilidade. Como no município não há universidades, a filha dela estuda em Cuiabá e para matar as saudades e resolver outras questões ela vai de duas a três vezes por semana à capital. “Caso implantem o pedágio terei que escolher entre viver tranquila ou poder ver a minha filha, pois nem sempre temos dinheiro. Conheço muitas pessoas que também estão preocupadas, imagine os estudantes que já pagam R$ 350 por mês para virem à aula? Esse valor vai aumentar”.
Entre os argumentos para impedir a implantação do pedágio estão os impactos financeiros para os municípios, principalmente para Chapada dos Guimarães que com apenas 18 mil habitantes depende dos visitantes da capital para gerar renda através do turismo e comércio. “A posição dos moradores de Chapada é contra o pedágio. Pagamos essa rodovia com os nossos impostos e precisamos de melhorias e não de mais cobranças”, afirma a vereadora de Chapada, Cacilda Siqueira (PP), a professora Cidu.
Para o vereador de Cuiabá, Onofre Júnior (PSB), a população não pode aceitar a privatização de um bem público, principalmente, em um modelo de concessão em que a empresa entra e só depois começam as melhorias. “Da forma como está sendo feito o pedágio é prejudicial, pois iremos pagar para circular em uma rodovia do jeito que está atualmente e que foi construída com os nossos impostos. Temos o exemplo que é a MT-130, uma das piores rodovias do Estado. As cidades estão unidas para evitar esse grande prejuízo”.
Outro ponto abordado foi que o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) ainda não foi apresentado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães. O pedido para o envio do documento foi em janeiro, mas de acordo com a chefe do Parque, Cíntia Brazão, não houve resposta e não se saberia quais impactos a concessão poderia trazer ao ecossistema da área de preservação.