Devastação, construções irregulares, lixo, esgoto, erosão. As nascentes urbanas (minas) existentes em Rondonópolis sofrem com o crescimento desordenado, verificado ao longo das últimas décadas na cidade, agonizam diante da degradação e agora correm o risco de desaparecer. São nascentes que formam ou alimentam córregos que cortam o perímetro urbano, que, por sua vez, também estão ameaçados.
Conforme a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), são 75 nascentes localizadas na área urbana da cidade, sem contar as menores. Elas formam ou alimentam os córregos que fazem parte do cotidiano de Rondonópolis, mas que muitos moradores da cidade desconhecem, a exemplo dos córregos Canivete, Patrimônio/Bambu, Piscina, Escondidinho, Lourencinho, Lajeadinho e Queixada.
Em muitas regiões do município, o secretário da Semma, Baltazar Ferreira de Melo, diz que as nascentes estão no quintal de residência ou mesmo sob empresas. Um desses casos, segundo ele, é o do próprio córrego do Patrimônio, hoje canalizado, cuja nascente principal está em região debaixo de empresas, no bairro Jardim Urupês. O secretário reconhece que, de forma geral, a situação das nascentes urbanas é preocupante.
No caso da nascente principal do córrego Canivete, na região próxima ao Jardim Pindorama e Jardim Tropical, a degradação toma conta. Junto à avenida que liga a BR-364 ao primeiro distrito industrial da cidade fica a nascente principal do córrego Piscina. Lá lixo e esgoto se misturam com as águas da nascente. Vegetação nativa não existe. A nascente do Lourencinho fica próxima ao novo aeroporto, região permeada de grandes fazendas, e cruza as duas principais rodovias de Mato Grosso: as BRs 163 e 364.
A nascente principal do Lajeadinho fica na zona rural, região do Campo Limpo, mas, na zona urbana, muitas nascentes ajudam a alimentar o córrego e estão degradadas. Próxima ao posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) fica a nascente principal de outro importante córrego da cidade: o Escondidinho, que, no passado, muito contribuiu para o lazer de bairros periféricos do município. Uma situação menos crítica, segundo Baltazar, é verificada no caso do Queixada, cuja nascente vem da região ao fundo do antigo aeroporto, sendo, no entanto, uma área particular.
O problema, conforme o secretário, é que por muito tempo o poder público e a população viraram as contas para os rios e córregos, pois não havia uma preocupação como hoje, voltada ao meio ambiente. “Hoje está em discussão o problema da água potável no mundo. A gente está pensando no futuro. Ninguém sabe o que vai acontecer no futuro”, observou.
CÓRREGOS – Vale ressaltar que o foco desta reportagem se ateve à situação das nascentes urbanas. No entanto, se o quadro das nascentes já é crítica, a situação ao longo do curso desses córregos é mais preocupante ainda. Na época das chuvas, por exemplo, a ocupação irregular, a erosão e retirada da mata ciliar provocam alagamentos em muitos bairros de Rondonópolis. Atualmente, em sua maioria, precisam de canalização.
Muitos desses córregos, na verdade, viraram esgoto a céu aberto, que exalam mau cheiro, a exemplo do Patrimônio e Piscina. Próxima à Rua José Barriga, abaixo da Vila Planalto, moradores estão preocupados com o aterro e o entulho que são jogados à margem do córrego Canivete. E o descaso se multiplica em vários cantos da cidade.