Comeca segunda-feira (1º) e vai até dia 6 de em Juína e Juruena, a oficina de avaliação e planejamento participativos sobre manejo e comercialização de produtos da floresta para avaliar os resultados obtidos pelo Projeto de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade das Florestas do Noroeste de Mato Grosso, desenvolvido na região desde 2001, através de parceria entre Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Ministério do Meio Ambiente (MMA), PNUD – Brasil, prefeituras municipais, associações de agricultores familiares, populações tradicionais e indígenas e, empresários do setor madeireiro.
A região Noroeste do Estado – conhecida como a Amazônia mato-grossense -, carcteriza-se por uma dinâmica sócio-econômica complexa; extensas áreas com cobertura florestal, associada a uma baixa densidade populacional; estrutura viária precária e grandes conflitos fundiários em torno da exploração dos recursos naturais madeireiros e minerais, e tem como um grande desafio a ser enfrentado, a exploração madeireira ilegal.
O Projeto de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade das Florestas do Noroeste busca justamente compatibilizar o desenvolvimento sócio-econômico com a conservação da biodiversidade.
Implantado nos municípios de Juína, Castanheira, Juruena, Cotriguaçu, Aripuanã, Colniza e Rondolândia, todos localizados na margem esquerda do rio Juruena, o projeto prevê a capacitação e intercâmbio de experiências com agentes multiplicadores dos povos indígenas Rikbaktsa, Arara do Rio Branco e Zoró, seringueiros e agricultores.
Segundo a superintendente de Biodiversidade da Sema, Eliani Fachin, o projeto tem como foco a consolidação de um mosaico de áreas protegidas, ampliação do licenciamento ambiental em propriedades rurais, com a averbação das áreas de reserva legal e, o planejamento da paisagem, visando a formação de blocos de mata primária para a formação de zonas tampão e corredores ecológicas entre as áreas protegidas.
“Através desse projeto são também apoiadas iniciativas e propostas alternativas ao atual modelo de uso dos recursos naturais que privilegiem a implementação de sistemas agroflorestais (SAFs), iniciativas de manejo florestal comunitário de produtos não madeireiros e apoio à transição da exploração madeireira predatória para o manejo florestal sustentável”.
O grupo Zoró, por exemplo, está envolvido no manejo e comercialização de Castanha-do-Brasil e Jóias da floresta; o Rikbaktsa além da Castanha-do-Brasil e Jóias da floresta também trabalham com látex. O grupo Arara do Rio Branco faz manejo e comercialização da Castanha-do-Brasil e o Enawene nawe, de Jóias da floresta. Os seringueiros do Rios Guariba e Roosevelt trabalham com Castanha-do-Brasil e látex e os agricultores do Assentamento Vale do Amanhecer com Castanha-do-Brasil.
No total são 11 assentamentos rurais envolvendo cerca de 1.400 pessoas e mais cinco áreas indígenas, uma reserva extrativista e um assentamento rural, com cerca de 2.200 pessoas em mais de um milhão de hectares desenvolvendo ações nas duas frentes de trabalho, os sistemas agroflorestais e os produtos florestais não madeireiros.
Para a superintendente de Biodiversidade da Sema, a realização da Oficina de avaliação e planejamento participativos neste momento do projeto vai conferir uma maior integração entre os grupos, instituições e componentes envolvidos. “A proposta é que a partir dessa avaliação seja elaborado um planejamento conjunto das ações”, explicou ela.
O objetivo é proporcionar uma maior articulação para o desenvolvimento das ações previstas no Projeto de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade, e outras iniciativas em execução e, buscar mecanismos de continuidade das ações de gestão, manejo e comercialização dos produtos da floresta.
Durante a oficina, numa última etapa dos trabalhos, será realizado um intercâmbio de experiências e trabalho de campo, com a apresentação dos resultados de boas práticas de coleta, armazenamento e comercialização em execução na fábrica de beneficiamento de castanhas do Assentamento Vale do Amanhecer, localizada no município de Juruena; o projeto Poço de Carbono, na Fazenda São Nicolau, no município de Cotriguaçu e a unidade demonstrativa de sistemas agroflorestias do Assentamento Nova Esperança, também localizado em Cotriguaçu.
Cerca de 55 pessoas estarão participando da Oficina de Avaliação e Planejamento Participativo representando o Projeto de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade-Sema PNUD Brasil, Associação dos Povos Indígenas Rikbaktsa (Asirik), Zoró-Pangyjej (Apiz), Arara-Yukapkatan, Associação dos Seringueiros dos Rios Guariba e Roosevelt, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Aripuanã, Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (Adejur), Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Vale do Amanhecer, Fundação Nacional do Índio (FUNAI)/Coordenação Geral de Patrimônio Indígena e Meio Ambiente (CGPIMA), Funai/Núcleo de Apoio de Juína, Funai-Jí-Paraná (RO), Conab/Sureg Cuiabá, Instituto Chico Mendes e UFMT-Faculdade de Engenharia Florestal.