Seis locais de banho frequentados pela população foram considerados impróprios, segundo o relatório da campanha de balneabilidade realizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Cinco amostragens de 24 trechos dos principais rios mato-grossenses, em nove municípios, foram analisadas entre 3 de agosto e 15 de setembro.
O estudo levou em consideração a quantidade de Escherichia coli (coliformes fecais); a incidência elevada ou anormal de enfermidades transmissíveis por via hídrica, indicadas pelas autoridades sanitárias; a presença de resíduos sólidos ou líquidos, como esgotos sanitários; o nível de PH, entre outros fatores de risco à saúde humana estabelecidos pela Resolução nº 274/2000 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Na campanha deste ano foram classificados como impróprios para a prática de recreação e banho os rios: Cuiabá, nos trechos da comunidade de São Gonçalo Beira Rio, que apresenta essa condição desde 2007, e no trecho de Bonsucesso, no município de Várzea Grande, que está nesta categoria desde 2003. Em Cáceres, a Praia da Carne Seca, localizada no rio Paraguai, segue imprópria desde 2004 devido a presença de dragas no local, embarcações que realizam a extração de areia do rio.
O córrego Piraputanga, também em Cáceres, só entrou pra lista como inadequado em 2010, 2012 e voltou agora em 2015. Embora o rio Paraguai em Barra do Bugres oscile desde 2006 entre impróprio e próprio, o banho neste local volta a ser inapropriado este ano decorrente do pH da água estar menor que seis, limite determinado pelo Conama. Já o rio Bugre, também em Barra do Bugres, permaneceu excelente pra banho por três anos consecutivos, mas devido ao pH abaixo da média neste ano o rio foi classificado como impróprio.
O relatório é realizado anualmente pelo laboratório da coordenadoria de Monitoramento da Qualidade Ambiental da Sema. O coordenador do setor, Sérgio Batista de Figueiredo, afirma que o estudo tem o objetivo de subsidiar a atuação das prefeituras e dos órgãos de fiscalização e prever consequências futuras que decorreriam de uma expansão das atividades na área e de desenvolver medidas adequadas de controle. “A utilização da água para fins recreativos é muito comum no Estado, principalmente nos rios próximos às cidades e onde ocorre a formação de praias na época da seca. Em razão disso, torna-se relevante conhecer a qualidade da água, para garantir a preservação dos recursos hídricos e a proteção da saúde da população”.
Dos 24 locais analisados, 18 foram classificados como próprios para a prática de recreação e banho. São considerados ‘excelentes' para banhistas: os rios Coxipó Açu (Cuiabá), Passagem da Conceição (Várzea Grande), Cachoeirinha, Cachoeira dos Namorados, Condomínio Portal das Águas (Praia do Manso), todos em Chapada dos Guimarães, Praia Nortefly (Nortelândia), Praia do Julião, no Rio Paraguai (Cáceres) e Praia Daveron, na Baía dos Malheiros, também em Cáceres.
Na categoria ‘muito boa’ estão os rios Praia do Pari (Cuiabá), Praia de Santo Antônio, Praia das Veredas (Santo Antônio do Leverger), Praia das Embaúbas (Rosário Oeste) e a Praia do Iate Clube, na Baía dos Malheiros (Cáceres).
Já o trecho ‘satisfatório’ para banhistas são: Ponte de Ferro, Coxipó do Ouro, Rio Claro, Mutuca (Cuiabá) e Martinha (Chapada). Os lugares que receberam a classificação própria nos últimos seis anos foram Ponte de Ferro, Praia do Pari e Coxipó-Açú, Passagem da Conceição, Condomínio Portal das Águas e a Praia das Embaúbas.
A constatação da presença de coliformes fecais, em um determinado local, acima de 2.000 mililitros (ml) em mais de 20% das amostras pode estar associada ao lançamento de esgoto sanitário ou fezes de animais ou a presença de microorganismos patogênicos. Sérgio afirma que isso aumenta a possibilidade do banhista contrair doenças, como poliomielite, cólera, hepatite, febre tifóide, gastroenterite, doenças da pele e outras.
O coordenador alerta que nos últimos dois anos há uma tendência de piora geral na qualidade da água, principalmente nos rios da região hidrográfica do Paraguai e Araguaia-Tocantins e por isso é importante realizar práticas sustentáveis voltadas à preservação da natureza no Estado. Sérgio explica que é importante também evitar o banho após a ocorrência de chuvas de maior intensidade e a ingestão de água destes locais, sem o devido tratamento. “É necessário redobrar a atenção com as crianças e idosos, que são os mais sensíveis e menos imunes que adultos”.