Mato Grosso registrou 25.470 casos dengue até o final do mês passado. O número representa um aumento de 132% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o Estado teve 10.971 infectados pelo Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença. Os municípios de Sinop, Várzea Grande e Rondonópolis são os que apresentam maior número de notificações, com 3.524, 2.156 e 1.959 casos, respectivamente.
Cuiabá também apresentou números expressivos, com 2.864 casos registrados. Os dados estão no boletim epidemiológico da área de Vigilância em Saúde, da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Seis óbitos por dengue foram confirmados nos municípios de Cuiabá, Matupá, Sapezal, Sorriso, Juína e Rondonópolis. Quatro mortes ainda seguem em processo de investigação, aguardando o resultado do laboratório.
Dos 141 municípios mato-grossenses, 81 ainda apresentaram alta incidência de dengue (41,13%), com índice superior a 300 casos por 100 mil habitantes em 2015 – que é o preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No estado a incidência é de 401 casos notificados a cada 100 mil habitantes. O registro da alta incidência confirma o aumento de casos em relação ao mesmo período do ano anterior.
De acordo com a coordenadoria de Vigilância Epidemiológica, o aumento significativo dos casos se caracteriza pela circulação simultânea de dois sorotipos virais da dengue. “Tivemos a confirmação, por isolamento viral, de dois sorotipos circulando: o tipo 1 e o tipo 4, que foi reintroduzido esse ano no estado”, explica a coordenadora Flávia Guimarães.
A reintrodução de um sorotipo viral ocasiona novas epidemias porque parte da população não está imune a ele, principalmente as crianças menores de quatro anos de idade e nos municípios que não apresentaram a circulação do vírus nos anos anteriores. “É importante dizer que cada vez que você pega um tipo do vírus não pode mais ser infectado por ele. Ou seja, na vida, a pessoa só pode ter dengue quatro vezes”.
Diante da situação epidemiológica estadual, a SES tem intensificado ainda mais o alerta, orientando os municípios sobre o trabalho de prevenção e orientação. Dentre as ações, é preciso que os gestores municipais fortaleçam a articulação das diferentes áreas de serviços, visando a integralidade das ações para o enfrentamento da doença e no reforço das ações de articulação intersetorial, em todas as esferas de gestão.
Além disso, a pasta estadual recomenda às Secretarias Municipais de Saúde que mantenham a rede atenta para o diagnóstico precoce da doença e procedimentos corretos para evitar óbitos. Além disso, são realizadas atividades de vistoria, orientação e prevenção, principalmente nos municípios silenciosos e de maior incidência.
O alerta também vale para a população, a qual deve se manter atenta e realizar a limpeza diária nas residências, evitando o acúmulo de lixo. “A população precisa se sensibilizar para o combate e controle do mosquito Aedes aegypti. Agora ainda mais, já que ele também transmite a chikungunya e o zika vírus. Isso é um dever de todos e os cuidados são os mesmos, o de não deixar o mosquito nascer, porque é mais fácil combater ele em sua forma larval do que voando”, frisa Flávia Guimarães.
Entre as principais medidas de prevenção a serem tomadas pelas pessoas estão: manter a caixa d’água tampada de forma adequada; não acumular vasilhames, lixos e embalagens no quintal; limpar com frequência as calhas; e colocar areia nos pratos dos vasos de planta.
Oito casos de Zika Vírus já foram confirmados em Mato Grosso, sendo dois em Rondonópolis, um em Tesouro, quatro em Cuiabá e um em Várzea Grande. O Zika vírus (ZIKAV) é um arbovírus do gênero Flavivírus, que apresenta sintomas parecidos com os da dengue e da febre chikungunya, como: dores nas articulações, dor de cabeça, febre, náuseas, diarreia e mal-estar. A fotofobia é uma das características diferenciais da doença, assim como manchas no corpo, principalmente nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, conjuntivite sem secreção e coceira.
Mato Grosso registrou o primeiro caso confirmado de febre chikungunya autóctone, ou seja, proveniente do próprio estado. O caso é do município de Mirassol D’Oeste. Outros três também já foram confirmados, mas são importados, sendo um da Guiana Inglesa, um da Bolívia e um de Mato Grosso do Sul. Outros 206 estão sob investigação e oito aguardando triagem.