Cerca de 150 mil propriedades rurais particulares de Mato Grosso foram responsáveis por 84,2% dos 7008 focos de calor registrados no Estado de 1º de janeiro a 05 de julho de 2016. A informação é do Batalhão de Emergências Ambientais (BEA), ligado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).
Deste total, apenas 43 casos tiveram Autorização de Queima Controlada (AQC), documento emitido pela Sema e exigido mesmo fora do período proibitivo de uso do fogo nas áreas rurais, que vai de 15 de julho a 15 de setembro.
As demais queimas ocorreram em Projetos de Assentamento (4,22%), Terras Indígenas (9,13%), Unidades de Conservações Federais (0,66%) e Estaduais (1,20%). A região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá, composta pelos municípios de Cuiabá, Santo Antônio do Leverger, Nossa Senhora do Livramento e Várzea Grande foi a que menos queimou (0,59%).
No período proibitivo do ano passado, Mato Grosso registrou 30 mil focos de calor, ficando em segundo lugar no ranking nacional, conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A Sema aponta que 10,2 mil hectares foram queimados ilegalmente, sendo que 78% correspondem à área passível de receber AQC, 7% foram em áreas com atividades de agricultura, 0,34% Áreas de Preservação Permanente (APP) e 4,8 % de Reserva Legal (ARL).
Nas áreas rurais, utilizar fogo durante o período proibitivo é crime passível de seis meses a quatro anos de prisão, com multas que podem variar entre R$ 1 mil e R$ 7,5 mil (pastagem e agricultura) por hectare. Nas áreas urbanas, o uso do fogo é crime o ano inteiro. O valor de multas aplicadas no ano passado superou a casa dos R$ 11 milhões.
O problema é que 2016 deve seguir o mesmo rumo. Segundo o Inpe, até 28 de junho deste ano, Mato Grosso era o campeão disparado em números de incêndios florestais no país. O satélite havia captado 6574 focos de calor. Este número já era 32% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado (4986). Roraima ocupa a segunda posição no ranking de queimadas rurais e provocou 3161 focos, ou seja, menos da metade que Mato Grosso.
Há previsões de que 2016 será o ano mais quente e seco de uma sequência histórica iniciada em 1880. A Agência Espacial Americana (Nasa) vem apontando que os 15 anos mais quentes foram registrados nos últimos 16 anos e para este ano a situação não será alterada. O Estado, que possui 55% do território ocupado pela Amazônia Legal, sofre com os desastres ambientais historicamente.