Controladores de vôo que trabalhavam no dia 29 de setembro, quando aconteceu o maior acidente aéreo do Brasil, deixando 154 mortos, no Nortão de Mato Grosso, também devem ser responsabilizados. Em entrevista à revista Veja, o delegado da Polícia Federal, Renato Sayão, que preside as investigações, disse que o inquérito que apura as causas da queda deve apontar a responsabilidade compartilhada entre os pilotos do Legacy, Joe Lepore e Jan Paladino, e controladores de vôo que os orientaram no dia.
Até o momento, apenas os pilotos americanos foram indiciados, com base no artigo 261 do Código Penal, por expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia. Pela transcrição do diálogo gravado pela caixa-preta do Legacy, a Polícia Federal constatou que os pilotos perceberam, dois minutos após a colisão com o boeing, que o transponder, que acusa a presença de outro avião na mesma rota, estava desligado.
Sayão também declarou que os controladores não foram indiciados por serem ligados à Aeronáutica, e estão sujeitos à Justiça Militar e não Federal. “Os controladores tinham um avião sob controle que não estava aparecendo na tela do radar e parecem ter achado normal. Deveriam ter adotado procedimentos de emergência para localizar o Legacy ou desviar o boeing da rota. Isso não foi feito”, disse na entrevista.
A Justiça Federal de Sinop concedeu mais 30 dias para conclusão do inquérito. Nesse período a Polícia Federal ainda deve apontar as falhas técnicas dos equipamentos de comunicação que contribuíram para o acidente, concluir algumas diligências e os laudos das transcrições das caixas-pretas.