Parentes das 154 vítimas do acidente com o boeing da Gol, em setembro de 2006, no Norte de Mato Grosso, encaminharam ontem, ao ministro da Defesa, Nelson Jobim. Nela, a Associação Familiares e Amigos do Vôo 1907 manifestou suas considerações sobre o episódio, o segundo maior acidente da aviação aérea brasileira.
Em nota, citam ao ministro que muitas famílias ainda aguardam esclarecimentos ‘do que realmente aconteceu naquele fatídico dia. Sabemos que uma investigação deste porte é trabalhosa, porém com a conclusão dos trabalhos da Polícia Federal, onde o delegado atribui culpa aos pilotos e recomenda a aeronáutica investigação sobre possível parcela de responsabilidade dos controladores, passados 16 meses ainda não temos a conclusão deste relatório’, comenta.
A associação, presidida por Angelita De Marchi, viúva de Plínio Luiz Siqueira Júnior, elenca pelo menos 14 pontos que acreditam poder contribuir para o avanço dos trabalhos. Entre eles, que o Ministério dê mais atenção às vítimas, por meio de reuniões constantes, boletins sobre o avanço das investigações, entre outros.
Em um dos pontos, pedem também a liberação das informações sobre a caixa preta do GOL. “Esta é uma das reivindicações constantes dos familiares. Queremos ter acesso para ter certeza que ali não há mais informações relevantes. A Aeronáutica informou-nos que não havia nada além de barulhos de sirenes, mas pela imprensa soubemos que há comentários do piloto e co-piloto na hora em que o avião foi atingido, até a queda”, comenta a associação.
A apuração de responsabilidades no sumiço das bagagens também é mencionada. “Desde o mês de janeiro de 2006, tentávamos fazer com que as autoridades se atentassem ao problema do sumiço dos pertences das vítimas do acidente. Não pelo valor desses pertences, mas devido a problemas pelos quais os familiares das vítimas estavam passando, como a compra de um veículo feito em nome de uma das vítimas, o aparecimento do celular de uma das vítimas, uma semana depois do acidente, mesmo quando ainda nem o corpo da vítima havia sido resgatado, no Rio de Janeiro, compras feitas em nome das vítimas, entre tantos outros transtornos ocorridos, devido ao sumiço, principalmente, dos documentos das vítimas”, acrescenta De Marchi.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), ainda não definiu a competência para julgar o processo da queda do boeing, no Nortão. A ação tramitava na Justiça Federal de Sinop, mas, a Justiça Militar também declarou-se competente para julgar os quatro controladores de vôo, denunciados pelo Ministério Público Federal de Mato Grosso. Desde então, a ação está paralisada.