Começou a ser implementado esta semana em Mato Grosso um projeto que irá oportunizar estudantes da rede pública a atuar como cientistas de suas realidades. O foco são estudantes indígenas, quilombolas e em vulnerabilidade social, com o intuito de fazer com que coloquem transformem ideias em pesquisas criativas, partindo de onde vivem. Este foi o único projeto em todo o Estado a ser aprovado pelo Ministério da Educação e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação no programa “Mais Ciência na Escola”.
A instituição proponente é a Unemat, através da professora doutora Lisanil da Conceição Patrocínio Pereira. Ela coordena uma série de projetos sociais de extensão e um deles promove olimpíadas de conhecimento e mostra de saberes com estudantes da rede estadual em vulnerabilidade social, indígenas e quilombolas. A partir desta experiência transformadora, quando abriu o edital do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico (CNPq), ela resolveu apostar em um projeto que abra portas para essa juventude, que costuma ser negligenciada, mas que, na opinião dela, poderá contribuir e muito, no futuro, com o desenvolvimento do país.
“Moram geralmente em locais de difícil acesso, são de famílias de baixo poder aquisitivo, esquecidos, negligenciados, desacreditados, lutam com dificuldades, porém têm enorme potencial, uma inteligência que precisa ser estimulada, seus saberes diversificados, suas vivências, esses jovens maravilhosos representam esse Brasil invisível e tão rico. Apoiá-los é um trabalho que motiva a minha caminhada profissional e de vida”, diz a professora. Segundo ela, conhecer essas realidades “é de emocionar”, tamanhos são os obstáculos que enfrentam e a superação diária se faz necessária.
O projeto da Unemat selecionado chama “Iniciação Científica e Popularização da Ciência em Escolas Urbanas, de Comunidades Tradicionais, Quilombolas e Indígenas do Estado de Mato Grosso”. Com R$ 1,5 milhão de reais, será desenvolvido até o final de 2026. Parte do dinheiro, ou seja, R$ 600 mil serão usados para instalar laboratórios makers em 15 escolas estaduais de Mato Grosso.
Das 15 escolas estaduais beneficiadas, quatro são indígenas, uma fica em território quilombola, comunidades tradicionais e somente duas ficam em área urbana. Os municípios são Acorizal, Barra do Bugres, Cáceres (escola da fronteira com objetivo de atender estudantes bolivianos), Comodoro, Cuiabá, Jangada, Juara, Peixoto de Azevedo, Poconé, Tangara da Serra e Terra Nova do Norte.
Esses laboratórios serão espaços de experimentação e criação, onde os alunos poderão desenvolver suas pesquisas na cultura do “faça você mesmo”, em contato com tecnologias, inovações e artes, detalhou a Unemat, acrescentando que os acadêmicos “fugirão inclusive da ideia de laboratórios químicos, pois essas experiências poderão ser viveiros, marcenarias, panificadoras e outras necessidades da própria escola, comunidade, aldeia no caso de povos indígenas”.
Cada escola terá 10 bolsistas que irão receber mensalmente R$ 300, se forem do Ensino Médio, e R$ 200, do 9° ano, assim como professores bolsistas, que irão receber R$ 770 ao mês. O valor total de investimento em bolsas de iniciação científica e monitoramento previsto é de R$ 540,9 mil.
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