Com apenas 15 anos, a história de Carlos Gabriel Alves de Magalhães já teve altos e baixos. Abandonado pela mãe aos três meses de vida, foi criado como filho pela avó paterna, Emília, com quem vive até hoje em uma casa humilde do bairro Liberdade, na periferia de Cuiabá.
Desde cedo, seu lugar preferido era rua, na companhia dos “amigos”. “Eu passava o dia todo na rua, nem ia em casa almoçar. Esta atitude me prejudicou porque deixei de estudar e perdi um ano”.
Nesta época, Carlos esteve várias vezes diante da oportunidade da “vida fácil”, mas com apoio, ajuda e persistência de sua família, conseguiu seguir o caminho do sonho e da luta. Um rumo que também foi favorecido pelo Programa Rede Cidadã, da Secretaria de Estado de Segurança Pública.
“Eu fui chamado para participar do Programa Rede Cidadã e comecei a fazer as atividades esportivas. Gosto muito daqui. Muitos dos meus amigos também começaram, mas não conseguiram continuar”, disse o estudante que participa do projeto no bairro São João Del Rey.
Integrante do programa há cinco anos, Gabriel pratica futsal duas vezes por semana. Ele diz que seus dias de rua ficaram para trás e que seu sonho é continuar estudando para ingressar na faculdade de Ciências da Computação. “Quero continuar me dedicando aos estudos e ser obediente para conquistar os meus sonhos”.
A mãe-avó do Gabriel reconhece a melhora no comportamento do neto, mas lembra que o caminho foi difícil. “Sempre tive a preocupação de oferecer outras opções para o meu neto, mas tivemos um momento complicado. O resultado positivo foi conquistado com ajuda espiritual e com as atividades desenvolvidas pelo Rede Cidadã”, falou Emília Paz de Campos.
A professora do Gabriel, Jerônima Letícia Barbosa Corrêa, disse que a mudança do adolescente é perceptível. A profissional já perdeu as contas de quantos adolescentes passaram pelo programa e hoje seguem pelo caminho do bem. “O Gabriel é um aluno que tivemos que dar muita atenção, mas ao mesmo tempo, mostrar a ele as suas responsabilidades. Hoje, olhando para ele, podemos perceber a sua mudança. O Rede Cidadã tem muitas outras histórias de transformação”.
Outra história de conquista é contada pela dona de casa Elzira Ferreira de Souza, 53 anos. Ela também cria um neto como filho: Marcus Vinícius Ferreira Gomes, de 13 anos. O menino, segundo ela, tinha problemas de relacionamento nas escolas em que era matriculado.
A pedido dos professores, o menino foi encaminhado a participar das atividades do Rede Cidadã. Para a avó, o resultado é notável. “Ele melhorou muito. Antes, ele tinha muita dificuldade se relacionar com os outros alunos. Brigava por qualquer coisa. Todos acompanham de perto a evolução dele. Ainda somos chamados na escola, mas tenho fé em Deus que ele vai melhorar cada dia mais”.
O gerente Estadual do Rede Cidadã, tenente coronel Nivaldo José de Arruda, explicou que o programa acolhe as crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. “O Rede conta com uma equipe multidisciplinar que está pronta para acolher as criança e adolescentes. Trabalhamos a prevenção”.
Comandante da 2º Companhia do São João Del Rey, a tenente Maíla Ferreira Barbosa, disse que se reúne com diretores das escolas dos 20 bairros da região para tratar sobre o ingresso de novas crianças e adolescentes ao programa. “Esse contato com os diretores é muito importante e vem dando resultado. Já recebi vários depoimentos de pais sobre a melhora no comportamento dos filhos. O Rede trabalha exatamente assim, integrando pais e filhos”.