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Professores da UFMT participam de estudo que mapeia impactos de mudanças climáticas no Cerrado

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Redação Só Notícias (foto: André Monteiro)

Abordando insetos aquáticos, os estudiosos abordaram a relação entre sazonalidade climática e diversidade de insetos aquáticos. Pela Universidade Federal de Mato Grosso, participaram do estudo os professores Leandro Schlemmer Brasil, do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) e Laboratório de Ecologia e Conservação de Ecossistemas Aquáticos (Lacea). Pelo mesmo laboratório, está no artigo Dilermando Pereira Lima-Junior.

O estudo “Climatic seasonality of the Cerrado and aquatic insect communities: a systematic review with meta-analysis” analisa aspectos da variação entre estações chuvosas e secas no que se trata da diversidade e abundância de organismos como a influência da sazonalidade climática no Cerrado nas comunidades de insetos aquáticos. A base para o artigo está em artigos das bases Scopus e Web of Science que tratam da distribuição espacial dos associados à variação sazonal das comunidades de insetos aquáticos. A importância do estudo está no preenchimento de lacunas científicas no que diz respeito à falta de estudos abrangentes sobre a sazonalidade dos insetos aquáticos no Cerrado.

Segundo o professor Leandro Schlemmer Brasil, o primeiro desafio do estudo é a necessidade de estudos de longa duração. “Para compreender como a sazonalidade climática influencia os insetos aquáticos, é fundamental realizar coletas em ambas as estações – seca e chuvosa – ao longo de vários anos. No mínimo, seriam necessários três anos de monitoramento, mas o ideal seria estudos que se estendessem por décadas. Isso ocorre porque as condições climáticas variam de um ano para o outro, e apenas com múltiplas repetições ao longo do tempo é possível identificar padrões robustos e confiáveis”, destaca o professor apontando que outro desafio é a limitação de financiamento para pesquisas de longa duração, principalmente por agências estaduais.

Leandro Schlemmer Brasil explica que o principal desdobramento prático deste estudo é a geração de um produto técnico voltado para órgãos ambientais estaduais e federais, assim como o Ministério Público. “Com base nos resultados, esses órgãos terão uma base científica mais sólida para orientar estudos de impacto ambiental (EIA) e relatórios de impacto ambiental (RIMA), utilizando insetos aquáticos como bioindicadores. Isso é fundamental, pois qualquer empreendimento com potencial de causar danos ambientais precisa dessas análises, e nosso estudo aponta com precisão qual a melhor época para realizá-las no Cerrado, garantindo avaliações mais eficazes e representativas”, explica o docente.

Os principais resultados estão em demonstrar que a riqueza e abundância de insetos aquáticos foram significativamente maiores durante a estação seca, pela maior estabilidade das condições ambientais, menor fluxo de água e maior disponibilidade de folhas nos riachos. Além da forte influência da estação seca, o estudo também tem como resultado o aumento da seca extrema pode transformar riachos perenes em intermitentes, levando à homogeneização das comunidades de insetos aquáticos e reduzindo sua capacidade de prestar serviços ecossistêmicos, como o controle biológico e a decomposição da matéria orgânica.

“Com o aumento das ondas de calor e a intensificação das secas, muitos riachos do Cerrado, antes perenes, estão se tornando temporários, ou seja, deixam de ter água corrente o ano todo. Essa mudança compromete serviços ecossistêmicos essenciais, como a decomposição da matéria orgânica e o controle de insetos transmissores de doenças – ambos desempenhados por insetos aquáticos. Além disso, essa transformação aumenta as incertezas sobre a segurança hídrica na região, o que pode afetar diretamente o desenvolvimento sustentável do bioma, analisa o professor.

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