A jornada excessiva de trabalho dos caminhoneiros aumenta a violência no trânsito das rodovias brasileiras. É o que mostra pesquisa feita pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, no fim de 2007. Outra causa de acidentes nas estradas, segundo o estudo, é o uso de anfetamina – substância que os caminhoneiros ingerem para se manterem acordados.
A liminar concedida em janeiro deste ano, em pedido do Ministério Público do Trabalho(MPT) do Mato Grasso, visa a reduzir o número de acidentes nas estradas e diminuir casos de caminhoneiros que usam drogas para suportar a longa jornada de trabalho. De acordo com a norma que começou a valer em janeiro deste ano, os motoristas de caminhão devem cumprir a jornada de oito horas diárias de trabalho e 44 semanais.
Em entrevista ao programa Revista Brasil da Rádio Nacional, o procurador do Ministério Público do Trabalho do Mato Grasso, Paulo Douglas de Almeida, disse que a finalidade do MPT é atingir resultados semelhantes aos dos países desenvolvidos no tocante às atividades dos caminhoneiros.
“Países com a dimensão do Brasil já adotam esse controle de jornada com sucesso, e garantiram qualidade de vida não apenas do motorista como também a segurança de todos que circulam pelas rodovias” assegurou.
Segundo o procurador, o governo federal gasta aproximadamente R$ 25 bilhões por ano com tratamento de acidentados e mortos, devido ao descontrole do setor de transporte nas estradas. Na avaliação do magistrado, a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias, 44 semanais, é proporcionar melhores condições de trabalho aos caminhoneiros, além de diminuir os gastos que o Estado patrocina com os abusos.
“Esse segmento não paga, mas transfere essa conta pra toda sociedade, o que tem que se fazer efetivamente é controlar essa jornada é da qualidade de vida a esses motoristas. Pode incorrer numa elevação de frete, o que não seria um grande problema, tendo em vista que o Brasil pratica um dos fretes rodoviários mais baixo do mundo”, afirmou Paulo Almeida.
O procurador informou, que o MPT realizou duas pesquisas em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal e com Fiscalização do Trabalho, e o resultado foi assustador, dos 200 motoristas que se submeteram aos exames, mais da metade apresentaram resquícios de anfetamina na urina.
“ As consequências são os acidentes e a morte social desses motoristas que se viciam diante da situação de trabalho que é obrigado, com essa realidade eles morrem biologicamente e socialmente”, alegou.