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Problemas de trafegabilidade por causa das chuvas começam no interior de MT

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O período das águas chegou, mas o que deveria ser um alívio para quem convivia com a poeira e a baixa umidade se transforma em motivo de apreensão e medo. São cidades e comunidades que todos os anos ficam isoladas pela falta de condições de trafegabilidade nos mais de 24 mil quilômetros de rodovias estaduais não pavimentadas no Estado que tem a maior produção de grãos e de bovinos do país. Nos municípios mais atingidos o isolamento impede o acesso a hospitais, escolas e gera desabastecimento de combustível e alimentos.

Pontes destruídas ou danificadas também podem significar o fim de uma viagem para quem se arrisca. Prefeitos se dizem abandonados mais uma vez diante do discurso de falta de recursos anunciado pelo governo e pela ineficiência das ações do "consórcio rodoviário".

Para o produtor rural Dionísio Donida, 81 anos, não existe explicação para o descaso dos governantes. Ele cultiva grãos há 26 anos na região do Chapadão do Rio Verde (360 km a médio-norte de Cuiabá) e lembra que ele e os produtores de lá já contribuíram com milhões em impostos e continuam "atolados" com a safra todos os anos. São 50 km de estrada não pavimentada entre a usina Itamarati e o município de Diamantino (208 km a médio-norte de Cuiabá).

Apesar de ser o corredor por onde passa grande parte da safra de soja e milho (mais de 300 mil sacas/ ano), a comunidade sofre com a poeira em tempo de seca e com os atoleiros nas chuvas. Além dos impostos, para não ter prejuízos ainda maiores, os cerca de 10 produtores do Chapadão tiram do bolso dinheiro para pagar ações emergenciais na estrada.

O município de Colniza (1.065 km a Noroeste) já enfrenta problemas com a chuva que começou em outubro e que não dá trégua. São vários pontos de bloqueio nas rodovias estaduais MT-418, MT-208 e MT-174, informa a prefeita Nelci Capitani. Os mais críticos são entre os 335 km que ligam Colniza a Juína, onde está o principal hospital que atende os 30 mil moradores da cidade. No ano passado o município chegou a ter decretada a situação de emergência pela Defesa Civil. Apesar de ter sido contemplado por recursos na ordem de R$ 5 milhões, o dinheiro até hoje não chegou. Com isso, mais uma vez Colniza se depara com os mesmos problemas.

Em Pontal do Araguaia (512 km ao Sul), as chuvas já dificultam o tráfego pelas rodovias MT-107 e MT-466, que são os principais meios de acesso ao município. O prefeito Gerson Rosa de Moraes lembra que o consórcio rodoviário, hoje gerenciado pelo Estado, está há 30 dias na região com o objetivo de atender 8 municípios. Mas conseguiu recuperar metade dos cerca de 500 km de estradas da região. O pior que o ônus com gastos de combustível usado pelos maquinários também tem sido arcado pela prefeitura. O que resta é operar de forma emergencial, tentando resolver os problemas que surgirem, afirma o prefeito.

Em Aripuanã (1002 km a Noroeste), as chuvas e os bloqueios chegaram antes do anunciado consórcio rodoviário. Com isso a cidade já enfrenta problemas de acesso ao município pelas rodovias BR-174 e MT-180. Há mais de 50 dias chove intensamente na região e, segundo o prefeito Carlos Torremocha, a situação já é crítica. Além dos atoleiros nas estradas os problemas com as pontes caídas ou danificadas agravam mais a situação dos 24 mil habitantes.

Outro lado
O secretário adjunto de Transporte e Pavimentação Urbana (Setpu) de Mato Grosso, Alaor de Paula, garante que atualmente o Estado mantém patrulhas em todas as regiões e que os trabalhos começaram em janeiro deste ano. Para as patrulhas estão sendo empregados 120 caminhões basculantes, 50 motos niveladoras, 25 escavadeiras hidráulicas e 25 pranchas (carretas usadas para o transporte do maquinário).

Quanto à falta de combustível, o secretário disso que quando isso ocorre são situações excepcionais e que o produto é reposto imediatamente pelo Estado aos administrados municipais. Relata que dos 141 municípios atendidos, atualmente a situação da região Norte é a mais crítica, pela intensidade de chuvas ser maior.

Cita também o transporte de madeira em veículos pesados ser um dos principais fatores que danificam ainda mais as rodovias. Dos 24 mil quilômetros de rodovias não pavimentadas, parte vem sendo atendida pelo consórcio. Outros R$ 15 milhões são aplicados na recuperação e construção de pontes. Mas aponta que só para pontes seriam necessários R$ 500 milhões em investimentos, que o Estado não dispõe hoje.

O governo estadual vem negociando junto ao Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) recursos na ordem de R$ 2 bilhões para pavimentação de estradas que atendem 44 municípios, em um prazo de 3 anos, informou o secretário-adjunto.

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