Os 1,4 mil presos da Penitenciária Central do Estado (antigo Pascoal Ramos) estão desde ontem dominando as dependências do prédio. O comando do movimento impediu a saída de qualquer detento para as audiências nos fóruns ou Juizados Especiais e nenhum advogado teve permissão para entrar. Em greve de fome, eles instalaram um clima de tensão na penitenciária, o que forçou autoridades da Segurança Pública a posicionarem na área central 35 homens da Força Tática, prontos para agir a qualquer momento.
O comandante Regional de Cuiabá, coronel Joelson Sampaio, confirmou na noite de ontem a posição da equipe tática no interior do prédio e disse que ela está pronta para atuar. O coronel descartou riscos para a segurança pública, mas admitiu que o silêncio entre os presos está provocando um clima de tensão entre os funcionários. "Qualquer coisa que muda a rotina é preocupante". Ele afirma que o movimento dos presos é pacífico, mas diz que a Polícia já adotou "cautelas". "Estamos em condições de atuar"
Ouvido pela Gazeta na noite de ontem, um servidor contou que o clima de tensão provocado pelo movimento silencioso dos criminosos está provocando medo nos funcionários, que assumiram atitudes de defesa prevendo uma rebelião. Ele supõe que os motivos para o movimento sejam a superlotação das celas e a decepção com o mutirão da Justiça, que teve pouco resultado e está sendo chamado pelos condenados de "mentirão".
Outro motivo seriam decisões judiciais determinando transferência de presos considerados de alta periculosidade para presídios de segurança máxima em outros estados. Um desses casos é o do latrocida Fausto Durgo da Silva Filho, o "Faustão", condenado a mais de 50 anos de reclusão, e que está sendo apontado como o líder do movimento. Depois de permanecer 2 anos fora do Estado, em presídios de segurança máxima, ele retornou a Mato Grosso e cumpre pena na PCE.