A cidade de Cláudia (90 km de Sinop) aparece como uma das sete cidades brasileiras cujo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), indicador que mede as condições de desenvolvimento e promoção humana nos países, é considerado alto. O IDH dos negros foi calculado em 4.605 cidades. Cláudia aparece ao lado de São Caetano do Sul (SP), Mozarlândia (GO), Rio Quente (GO), Brasília (DF), Goiânia (GO) e Vitória (ES), segundo estudo recém-concluído pelo economista Marcelo Paixão, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O estudo mostrou que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da população branca supera o do negro em praticamente todos os municípios brasileiros. Com base nas informações do Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o pesquisador calculou o IDH dos brancos em 5.202 municípios dos 5.507 existentes no país, e observou que o índice é alto (varia entre 0.8 e 1) em 1.591 cidades. No caso dos negros, a realidade é outra.
O resultado do IDH varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, explica o professor, maior a qualidade de vida nos municípios. Quando as condições de vida são altas, o IDH varia de 0,8 a 1. Quando é baixo, está abaixo de 0,5. Os índices entre 0,5 e 0,6 são classificados de médio-baixo IDH, entre 0,6 e 0,7, de médio IDH e entre 0,7 e 0,8, de médio-alto IDH.
O estudo revela que só em 13 cidades brasileiras o IDH dos negros supera o dos brancos. Todas são elas são de médio ou médio-baixo desenvolvimento humano e ficam nas regiões Norte e Nordeste. Ao desenvolver a pesquisa foram levados em consideração os indicadores: taxa de analfabetismo e escolaridade da população maior de 15 anos e renda per capita.
Segundo o professor, os resultados mostram o tamanho da desigualdade racial no Brasil, seja nas capitais, seja nos pequenos municípios, e que as políticas nacionais públicas não são suficientes para superar a desigualdade racial. “A pesquisa revela que as desigualdades raciais estão presentes em todos os locais, tanto nos maiores, quanto nos médios e pequenas municípios brasileiros. Os governantes ainda manifestam ações tímidas de inclusão. Há uma resistência secular à implantação de tais políticas para a população parda e negra do país”, afirmou Paixão.
Para superar as desigualdades, o pesquisador cobra mais reflexão sobre como construir políticas de inclusão. Para ele, quanto mais for discutido o problema da exclusão, maior será a eficácia no objetivo de erradicá-lo.
De acordo com a pesquisa, os municípios de menor IDH dos negros são: Traipu (AL) – 0,49, Manari (PE) – 0,50, Jordão (AC) – 0,511, Guaribas (PI) – 0,519 e Canapi (AL) – 0,521.