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Política econômica é que sufoca o setor, diz Maggi

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Depois dos excelentes resultados dos últimos anos, as perspectivas não são tão boas para a agricultura em 2005. Aumento dos custos de produção, menor faturamento com as exportações e quebra recorde na safra caíram como uma bomba para o agronegócio nacional, que respondeu por 40,4% das exportações brasileiras em 2004. Preocupado com a situação dos produtores, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse que o setor vive “o pior mundo possível” e defendeu a alocação de R$ 200 milhões para a criação de um seguro de renda. O assunto está sendo avaliado pelo área econômica do governo.
     
Os problemas dos agricultores não vêm de hoje. No segundo semestre do ano passado, quando começaram a comprar insumos e máquinas para plantio da safra 2004/05, os produtores já perceberam que gastariam mais para produzir e, portanto, sofreriam impacto em sua renda. O plantio começou em meados de outubro. Levantamento do ministério mostra que os custos para cultivo da safra atual subiram para os cinco principais produtos agrícolas do País: algodão (19%), arroz (14%), milho (15%), soja (17%) e trigo (10%). O aumento, ressaltam fornecedores de máquinas e insumos agrícolas, é resultado da valorização do dólar frente ao real no ano passado.
     
O dólar é o segundo entrave para a agricultura neste ano. Os produtores argumentam que plantaram a safra quando o dólar valia cerca de R$ 3,60 e que agora, quando precisam vender sua produção, a cotação é muito inferior. Grande parte da renda do campo vem das exportações, principalmente do complexo soja, carnes e café. “É a política econômica que prejudica o setor agrícola. O câmbio neste momento é o que sufoca o setor primário”, comentou o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, um dos maiores produtores de soja do País.
     
O governo admite queda nas exportações do agronegócio em 2005. “As exportações vão cair, mas a queda não será grande porque os embarques de alguns produtos evitarão uma redução geral expressiva”, afirmou o ministro Rodrigues. “A situação cambial, no entanto, vai estimular as importações, o que reduzirá o saldo comercial.” Os embarques de café, suco de laranja, açúcar e álcool vão impedir queda acentuada no resultado das exportações, argumentou.
     
Como se o quadro já não fosse ruim, o Sul e o Centro do País enfrentam uma seca rigorosa, que imporá a maior quebra de safra já registrada no Brasil. Números recentes divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram colheita de 119,5 milhões de toneladas no ano-safra. O número é muito inferior ao estimado em outubro, quando o governo esperava produção de 131,9 milhões de toneladas de grãos. Mesmo com a quebra de 12,4 milhões de toneladas, a produção será superior a safra 2003/04, de 119,151 milhões de toneladas.
     
Rodrigues admitiu que a quebra na safra brasileira elevou os preços de algumas commodities no mercado internacional. Ainda assim, ele continua preocupado com a perda de renda dos agricultores. Só com a seca, os produtores de soja perderam R$ 5,399 bilhões na safra 2004/05, mostram números da Conab. Esse é o prejuízo financeiro da redução de 8,281 milhões de toneladas na produção de soja , estimada em 53,119 milhões de toneladas. A diferença considera a estimativa atual da Conab e a previsão feita em dezembro, que indicava colheita de 61,4 milhões de toneladas de soja.
     
Munido destes dados, o ministro briga com a área econômica do governo para liberação de recursos para políticas para apoio à comercialização da safra. O orçamento de R$ 500 milhões que a pasta tem para esse item já foi gasto. Ele calcula necessidade de liberação adicional de R$ 1 bilhão. Para os produtores, o pacote de ajuda de R$ 3 bilhões, anunciado no começo do mês, não é suficiente para aliviar a crise. Além da liberação de recursos, Rodrigues defende que o governo atue em outra frente e adote políticas comerciais e tributárias para evitar a “forte concorrência de produtos do Mercosul”.
     

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