Mato Grosso registrou 160 boletins de ocorrência de crimes contra o público Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT) entre janeiro e agosto deste ano. Desse total, quatro tratam-se de homicídios, quatro de suicídios e duas mortes ainda a esclarecer. Os dados são do Grupo Estadual de Combate aos Crimes de Homofobia da Secretaria de Estado de Segurança Pública.
Apesar do número de registros ter dobrado em comparação com o mesmo período de 2019 – que teve 77 boletins e cinco homicídios – o secretário do Grupo Estadual, tenente-coronel PM, Ricardo Bueno, acredita que o aumento não significa necessariamente que foram cometidos mais crimes contra esse público, mas que o número de denúncias pode ter aumentado.
“A violência contra o público LGBT sempre existiu, no entanto ela foi muito tempo silenciada. Somente no ano passado tivemos uma mudança significativa no aspecto jurídico deste tipo de crime com a punição prevista na Lei de Racismo. Isso contribuiu muito com o aumento de denúncias, já que as pessoas se sentem mais encorajadas e respaldadas pela lei”, pontuou o secretário.
Outro fato destacado pelo tenente-coronel, é que a partir da criminalização surgiu uma série de campanhas educativas nos meios de comunicação, com a indicação de canais de denúncia, gerando uma maior mobilização tanto por parte das vítimas, quanto por parte da população que presencia algum de tipo de crime contra este público.
Os 30 novos delegados empossados participaram de um minicurso de capacitação ministrado pelo Grupo Estadual de Combate aos Crimes de Homofobia para atendimento do público LGBT. Durante a aula, os delegados tiveram acesso a conhecimentos acerca de orientação sexual e identidade de gênero, além da aplicabilidade da Lei Maria da Penha para mulheres trans.
O minicurso também contou com a colaboração de duas mulheres transexuais que compartilharam experiências e vivências com os delegados da Polícia Civil.